A Opinião Pública e As Mudanças Legislativas para os Agressores Sexuais

Ora, em determinadas condições, a opinião popular não deve ser desdenhada. Quando surge por si mesma, quando se manifesta de um modo absolutamente espontâneo, devemos considerá-la um fenômeno análogo a essa intuição que é a peculiaridade do homem de gênio. Em noventa por cento dos casos, confiarei nas suas decisões. Mas é muito importante que não se descubram traços palpáveis de uma sugestão exterior. A opinião deve ser rigorosamente o pensamento pessoal do público, e é muitas vezes difícil captar esta distinção e mantê-la.”

(Edgar Allan Poe – O Mistério de Marie Roget – 1842)

Sobre o Excerto – A evidente Heteroglossia da Opinião Pública

A partir do trecho do livro O Mistério de Marie Roget, que introduz este texto, uma análise dialógica do discurso bakhtiniano permite explorar a complexidade das vozes que se entrelaçam na construção do significado. Nesse trecho, a afirmação inicial sobre a opinião pública sugere uma valorização dessa voz coletiva, que, quando surge de maneira espontânea, é equiparada à intuição de um “homem de gênio”. Aqui, já podemos observar um diálogo interno: a voz que valoriza a espontaneidade da opinião pública e a que, em seguida, manifesta uma desconfiança em relação às influências externas. Isso ilustra a tensão entre a autenticidade da opinião popular e a possibilidade de contaminação por pressões ou fortes influências externas.

Edgar Allan Poe expressa confiança nas decisões populares na maioria das vezes, mas a construção da frase “não se descubram traços palpáveis de uma sugestão exterior” evidencia uma tensão dialógica. A confiança é sobrepesada por um ceticismo que exige a pureza no pensamento coletivo. Esse tema da autenticidade é fundamental em Bakhtin, que discute como as vozes são moldadas por contextos sociais, históricos, culturais e relacionados à própria personalidade.

Além disso, a dificuldade em captar e manter a distinção entre a opinião pública genuína e a opinião pública influenciada por diversos fatores revela uma batalha pelo reconhecimento da individualidade dentro do coletivo. Essa dinâmica reflete o conceito bakhtiniano de “heteroglossia”, onde diferentes discursos coexistem e competem por legitimidade.

Em resumo, tal excerto valoriza a opinião pública apesar de levar em conta a desconfiança das influências externas sobre tal opinião e a complexidade da autenticidade em um contexto social multifacetado e altamente influenciável. Através dessa lente, o texto a seguir se torna um campo de guerra onde diversas forças discursivas atuam, refletindo o enredamento imaterial da comunicação humana.

Introdução

A opinião pública é uma força complexa e dinâmica que molda a vida social e política. Compreender a sua formação, medição e influência é crucial para navegar no nosso mundo cada vez mais interligado. Este texto examinará os principais aspectos da opinião pública e as suas contaminações.

A opinião pública não é uma entidade cristalizada, mas sim um conjunto de opiniões individuais sobre assuntos de interesse público. Seu caráter é altamente variável, dependendo do público específico considerado e do assunto de interesse. Embora a definição exata seja expressa como algo aparentemente simples, um ponto fundamental aqui é que a opinião pública não se trata apenas de um agregado de pontos de vista isolados, mas desenvolve-se através da interação destes pontos de vista com forças sociais e situacionais, culturais, políticas, geopolíticas e econômicas. As opiniões que se tornam dominantes não se fazem no vácuo, mas através de processos sociais que incluem a influência de grupos de pressão, meios de comunicação de massa e processos educativos formais e principalmente informais.

O termo “opinião pública” apareceu nos gêneros textuais Políticos, certamente já na época de João de Salisbury (1115/20-1180). Recebeu significância adicional com a ascensão e expansão do governo democrático e foi submetido a uma variedade de interpretações e explicações.

Formação de opinião

O progresso na resolução de problemas políticos e sociais depende, grosso modo, de três coisas:

    1. Pesquisas meticulosas e objetivas no campo das ciências sociais

    2. Cooperação entre investigadores de várias ciências (novamente, sem queda de braço) objetivando ações práticas embasadas e testáveis

    3. Divulgação mais ampla dos resultados dos estudos de pesquisa para diferentes e vários setores da sociedade, adequando a opinião pública a uma estrutura persuasiva e mais racional de pensamentos. Estratégias não embasadas colocam em risco a segurança pública!

Não há nada de novidade no fato de que a formação da opinião pública é um processo multifacetado. É influenciado por uma interação complexa de experiências individuais, interações sociais e pelo fluxo constante de informações que escorrem através de vários canais de comunicação (jornais, rádio, televisão, internet, redes sociais e outros meios de comunicação em ambiente virtual etc.). Daí a importância da responsabilidade na divulgação de notícias e pesquisas através das diferentes mídias.

Destaca-se a importância de considerar fatores como idade, sexo, renda e escolaridade na análise de dados de opinião pública. No entanto, embora estes fatores apresentem correlações com opiniões, não são necessariamente fatores causais. As causas reais de determinados pontos de vista são muito mais complexas e podem incluir elementos como traços de personalidade individuais, preconceitos culturais, exposição a determinados tipos de comunicação, ambiente social bem como a própria história de vida.

Opinião Pública e Sistema Legislativo

O sistema legislativo, responsável pela criação e promulgação de leis, está profundamente entrelaçado com a opinião pública. Embora nem sempre reflita diretamente as preferências do público, o processo legislativo é significativamente moldado pelas atitudes e crenças predominantes dos cidadãos.

Compreender essa relação dinâmica e emaranhada requer identificar alguns dos fatores que realmente influenciam a opinião pública, os principais canais de influência, as respostas legislativas em relação à opinião pública e os fatores que podem moderar a influência da opinião pública sobre o Sistema Legislativo.

Na verdade, o peso da opinião pública é relativo e depende de uma variedade de fatores, incluindo a relevância da questão, os níveis de polarização política, a influência de grupos de interesse, o acesso à informação e o desenho institucional específico do sistema legislativo.

Fatores que influenciam a opinião pública

Dentre uma miríade de fatores que têm demonstrado forte correlação com a formatação da opinião pública a respeito de determinado tema sensível, podemos recrutar os seguintes:

    • Mídia: Cobertura de notícias, mídia social e entretenimento moldam significativamente a compreensão pública das questões e da sua importância. Os efeitos de imagem e vídeo, a forma como a informação é apresentada, a dramaticidade e o sensacionalismo influenciam fortemente as opiniões

    • Elites Políticas: Políticos, comentaristas e grupos de interesse tentam ativamente moldar o discurso e as opiniões públicas por meio de defesa, ataques, campanhas e mensagens claras ou veladas

    • Experiências Pessoais: A experiência direta com algumas questões pessoais e/ou coletivas (por exemplo, vitimização de crimes, histórias de abusos) muitas vezes acede às atitudes individuais mais fortemente do que informações de segunda mão

    • Redes sociais: As opiniões de amigos, familiares e membros da comunidade têm uma influência significativa. Câmaras de eco e filtros bolha, espaços online onde as pessoas encontram principalmente informações que confirmam suas crenças existentes, podem fortalecer esses efeitos. Câmara de eco significa um espaço de mídia vinculado e fechado que tem o potencial de ampliar as mensagens entregues ali e isolá-las das mensagens que as contradizem. Muitas vezes esse termo é confundido com os filtros bolha, que se refere à personalização dos resultados de motores de busca, como o Google, e feeds de redes sociais, que estão criando um universo único de informação para cada um de nós baseado em nossos gostos (Pariser, 2011).

 

Canais de Influência

A opinião pública influencia os legisladores por meio de diversos canais:

    • Eleições: Os eleitores usualmente elegem representantes com base no alinhamento de crenças e propostas. Isso cria um poderoso incentivo para os legisladores responderem às preocupações dos constituintes. Uma polarização política mais forte pode tornar essa relação mais complexa

    • Pesquisas: As pesquisas de opinião pública fornecem aos legisladores dados quantitativos sobre as atitudes do público em relação a questões específicas e sensíveis. Isso pode ajudá-los a avaliar o potencial sucesso ou fracasso de projetos de Lei

    • Lobby e Grupos: Grupos de interesse, representando alguns setores da sociedade, tentam influenciar os legisladores defendendo políticas alinhadas com os interesses dos seus membros. Esses grupos geralmente investem recursos significativos em campanhas para influenciar a opinião pública a seu favor

    • Movimentos Sociais: Movimentos sociais de grande escala podem exercer pressão substancial sobre o Sistema Legislativo, mobilizando apoio público a favor ou contra políticas específicas. Esses movimentos podem envolver protestos generalizados, manifestações ou desobediência civil

    • Mecanismos de Democracia Direta: Algumas jurisdições permitem que os cidadãos influenciem diretamente a política por meio de referendos, iniciativas e recalls. Esses processos fornecem maneiras poderosas para a opinião pública moldar a agenda legislativa.

 

Respostas Legislativas à Opinião Pública

Os legisladores também reagem à opinião pública de várias maneiras:

    • Capacidade de Resposta Direta: Alguns legisladores podem espelhar diretamente a opinião pública, particularmente em questões altamente salientes ou sensíveis

    • Capacidade de Resposta Estratégica: Outros legisladores podem se envolver em respostas estratégicas, às vezes adaptando as suas posições para aumentar suas chances de reeleição

    • Inércia: Às vezes, os legisladores podem simplesmente ignorar ou resistir a segmentos significativos da opinião pública, particularmente quando enfrentam forte oposição de poderosos grupos de interesse ou mesmo quando suas próprias crenças políticas diferem muito das do público

    • Feedback da Política: As políticas promulgadas às vezes podem moldar a opinião pública subsequente. A experiência da implementação de uma lei pode levar a uma reavaliação das atitudes existentes e correntes, potencialmente levando a ajustes em políticas futuras.

 

Fatores que moderam a Influência da Opinião Pública sobre o Sistema Legislativo

Vários fatores podem moderar a influência da opinião pública, tais como:

  • Polarização Política: A polarização política extrema pode diminuir a influência da opinião pública moderada, pois os legisladores podem ser menos receptivos àqueles que estão fora de seu próprio partido

  • Influência do Grupo de Interesse: Grupos de interesse poderosos podem exercer pressão considerável sobre os legisladores, às vezes superando a opinião pública

  • Assimetria de Informação: Disparidades no acesso à informação entre o público e os legisladores podem levar às divergências de perspectivas

  • Restrições Institucionais: Restrições legais, constitucionais ou processuais podem limitar o grau em que os legisladores podem responder diretamente à opinião pública (Pickett, 2019).

 

Medindo a opinião pública: O papel das pesquisas

Medir cientificamente a opinião pública tem sido um desafio de longa data. Os primeiros métodos incluíam análise de notícias e sondagens, mas estes tinham limitações inerentes. O surgimento de técnicas modernas de sondagem científica (Gallup, por exemplo), com ênfase em técnicas de amostragem rigorosas, oferece maior precisão. Essas pesquisas não são isentas de limitações, no entanto. A escolha das perguntas, os fatores mediadores e moderadores, a metodologia de amostragem e o potencial de viés podem afetar significativamente os resultados.

Opinião Pública e Mídias

As mídias, através de divulgações e propagandas, são uma tentativa deliberada de influenciar opiniões e ações sobre questões específicas. Embora amplamente distintas, propaganda e educação podem ter aspectos em comum, pois ambas envolvem tentativas de moldar crenças e ações. Dentre as diferenças baseadas na motivação e no método, a educação procura cultivar o pensamento crítico, enquanto a propaganda emprega frequentemente apelos movidos pela emoção ou técnicas de manipulação.

Propaganda e Democracia versus Ditadura

Nas democracias, a liberdade de expressão e a livre troca de ideias deveriam, idealmente, criar um tráfego de pensamentos. No entanto, alertamos para os desequilíbrios criados pela concentração do controle dos meios de comunicação social e pela utilização de técnicas de divulgação de informações manipuladoras. Em contraste com as democracias, as ditaduras controlam e regulam rigorosamente o fluxo de informação e utilizam ativamente a propaganda/mídias para manter o poder (Childs, 1940).

Opinião Pública e Controle Social

A opinião pública é uma força poderosa que pode moldar a sociedade. Alguns de nós argumentamos que o papel principal das mídias deveria ser auxiliar na formação de uma opinião pública racional e sobrepesada. Isto requer consciência crítica e compreensão das forças que moldam a opinião pública, para que ninguém possa ser manipulado pela desinformação ou por apelos emocionais (e outros tipos de apelos…). O desenvolvimento de técnicas científicas sociais sofisticadas para analisar e interpretar dados da opinião pública é essencial para ajudar a manter uma democracia forte.

Por exemplo, para obter controle ou ter agência sobre as pessoas, governos tornam-se cada vez mais politicamente conscientes, o que no sentido Americano do termo significa que eles se tornam cada vez mais cônscios da importância da opinião pública.

De fato, em um universo em que as mudanças sociais ocorrem a um ritmo muito acelerado e em que os governos são de alguma forma forçados a assumir maiores responsabilidades, o confronto com uma situação interna que exige uma nova ou crescente quantidade de orçamento social e cooperação, e em face a uma situação internacional que exige, por exemplo, uma frente conjunta contra o comportamento sexualmente agressivo e aviltante (por exemplo, a pornografia infantil), todos somos forçados a moldar julgamentos e traçar linhas claras entre a liberdade e a responsabilidade.

Opinião Pública, Projetos de Lei e Agressores Sexuais – A Heteroglossia novamente

Uma análise dialógica da opinião pública e das mudanças legislativas relativas aos crimes sexuais nos Estados Unidos, conforme apresentado nos dois textos anteriores, revela uma complexa interação de vozes e ideologias que moldam as respostas legais.

Os textos destacam como o pânico e a opinião pública, em vez de evidências puramente científicas, muitas vezes impulsionam a ação legislativa. Dentre as vozes que influenciam as ações legislativas, podemos citar:

    • A “Voz do Pânico”: Os pronunciamentos de Edgar Hoover na década de 1930, embora baseados em evidências fracas, criaram uma poderosa “voz de pânico”, enquadrando os criminosos sexuais como predadores insaciáveis e perigosos. Essa voz ressoou fortemente no discurso público, moldando percepções e influenciando políticas repressivas. Isso demonstra o conceito de heteroglossia de Bakhtin, onde múltiplas vozes com ideologias conflitantes coexistem e lutam pelo domínio. A “voz de Hoover” era dominante, silenciando as contranarrativas.

    • A “Voz Médico-Psiquiátrica”: Em contraste, a década de 1950 viu o surgimento de uma “voz médico-psiquiátrica”, defendendo o tratamento e o controle comportamental sobre a mera punição. Estudos científicos da época e atuais sugeriam que a punição severa por si só não tem sido a abordagem mais eficaz. No entanto, essa voz lutou contra a influência persistente da “voz do pânico”. Isso destaca a tensão dialógica entre discursos concorrentes, com a “voz médico-psiquiátrica” incapaz de deslocar ou mesmo estar em paralelo com a “voz de pânico” estabelecida.

    • A “Voz do Trauma” e a ascensão das narrativas centradas na vítima: A década de 1970 testemunhou uma mudança com o surgimento da “voz do trauma”, focada no impacto psicológico da agressão sexual. O conceito de “Síndrome do Trauma de Estupro“, embora inicialmente impactante, ilustra as complexidades da interação dialógica. Embora tenha aumentado a conscientização pública sobre os efeitos de longo prazo da violência sexual, também criou uma narrativa um tanto universalizada que pode ter negligenciado a heterogeneidade dos comportamentos sexualmente inadequados. A “voz do trauma”, embora inicialmente revolucionária, continua sujeita ao refinamento e à crítica.

    • A “Voz da Lei e da Ordem” e a Política do Medo: A década de 1990 testemunhou o domínio de uma “voz da lei e da ordem”, impulsionada por casos altamente divulgados, levando às penalidades mais rígidas, internação involuntária e leis de notificação da comunidade (Lei de Megan). Essas leis, muitas vezes promulgadas após eventos trágicos, priorizaram a “segurança pública” sobre a compreensão científica diferenciada das taxas de reincidência dos agressores sexuais em geral. Embora protejam ostensivamente as comunidades, essas medidas alimentaram o medo público, às vezes ofuscando as abordagens de reabilitação. A “voz da lei e da ordem” exemplifica o poder da retórica emocionalmente carregada na formação da legislação. É importante notar que a “voz da lei e da ordem” muitas vezes utiliza a “voz do pânico” para atingir objetivos políticos.

O diálogo entre diferentes vozes e perspectivas com objetivos diversos está em andamento. Os dois textos publicados anteriormente sobre a evolução das Leis Americanas na contenção e/ou repressão dos agressores sexuais concluem observando que, apesar da implementação de várias leis como a Lei de Megan e a Lei Adam Walsh, o debate continua. Estados e localidades implementam políticas adicionais (por exemplo, restrições de residência, tratamento obrigatório), sugerindo uma luta dialógica contínua para definir respostas apropriadas. Essa evolução ininterrupta reflete a negociação persistente entre diferentes perspectivas e a luta prosseguida para equilibrar as preocupações com a segurança pública com os direitos individuais e as complexidades do comportamento humano (para falar apenas de algumas preocupações…).

A análise dialógica bakhtiniana revela o processo legislativo como uma arena dinâmica onde múltiplas vozes, muitas vezes conflitantes – enraizadas no medo público, na compreensão científica e nas agendas políticas – se envolvem em um diálogo contínuo. O domínio de certas vozes em diferentes momentos ressalta a importância de examinar criticamente as fontes e as motivações por trás das respostas legais aos crimes sexuais, garantindo que as políticas sejam informadas por práticas baseadas em evidências e uma compreensão equilibrada da natureza multifacetada dessa questão complexa.

Essa análise dialógica da opinião pública e das mudanças legislativas relativas aos crimes sexuais nos Estados Unidos revela uma complexa interação de vozes e ideologias que moldam as respostas legais. O texto destaca como o pânico e a opinião pública, em vez de evidências puramente científicas, muitas vezes impulsionam a ação legislativa.

Infelizmente, “tratar agressores sexuais NÃO produz votos” …

Referências

Childs, H.L. (1940). An Introduction to Public Opinion. New York: John Wiley & Sons.

Pariser, E. (2011). The Filter Bubble: What the Internet is Hiding from You. New York: Penguin Group.

Pickett, J.T. (2019). Public Opinion and Criminal Justice Policy: Theory and Research. Ann Rev Crim, 2, 405-428.

 

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