Os Tratamentos
“Dr., eu me divirto bastante com esses médicos. Eu sei que eles sabem sobre a minha história passada, mas não têm ideia do que eu estou fazendo agora. Então, divirto-me bastante. Conto que fiz coisas boas, que estou interessado no trabalho, que estou me relacionando com uma garota e que somente pretendo ter relações com ela quando ela estiver pronta. E eles acreditam, até riem comigo. Mal sabem eles que quem conduz as consultas sou eu, saboreando a minha esperteza…”
(Anônimo)
Excerto – O Fracasso do Sucesso Deduzido
O discurso ocorre em um ambiente clínico, onde o protagonista está contando para o chefe de um serviço como ele tem interagido com os seus médicos. O contexto é marcado por uma relação de poder assimétrica, na qual os médicos detêm o conhecimento técnico e a autoridade profissional, enquanto o protagonista se coloca em uma posição de controle e domínio da situação, subvertendo a dinâmica de abordagem terapêutica. Ele se diverte ao enganar os médicos, sugerindo que ele controla a situação, apesar de estar em um ambiente onde, teoricamente, ele deveria ser o paciente.
De fato, o discurso revela várias características de um Narcisista Maligno, que podem ser inferidas a partir de suas palavras:
Manipulação e Controle: O narcisista afirma que “conduz as consultas”, indicando que ele manipula a interação para seu próprio benefício e diversão. Isso sugere uma necessidade de controle sobre os outros, especialmente em situações em que ele deveria estar em uma posição de ser ajudado (como um paciente em uma consulta médica).
Falta de Empatia: Ele se diverte ao enganar os médicos, mostrando uma falta de preocupação com o impacto de suas ações sobre os outros. Isso é típico de um Narcisista Maligno, que não se importa com os sentimentos ou o bem-estar dos outros, desde que suas próprias necessidades sejam atendidas.
Grandiosidade: O narcisista vangloria-se da sua “esperteza”, sugerindo que ele se considera superior aos médicos. Ele acredita que está enganando-os facilmente, o que reflete uma visão inflada de si mesmo e de suas habilidades.
Falsidade e Engano: Ele relata que conta histórias falsas sobre sua vida (como estar interessado no trabalho e em um relacionamento saudável) para manipular a percepção que os médicos têm dele. Isso demonstra uma capacidade de mentir e manipular sem remorso, uma característica marcante do Narcisismo Maligno.
Outrossim, o discurso do Narcisista Maligno pode ser interpretado como uma representação de poder e controle. Ele usa a linguagem para criar uma narrativa que o coloca no centro da interação, como o “condutor” das consultas. Isso reflete uma necessidade de dominar os outros e de se sentir superior, mesmo em um ambiente onde ele deveria estar em uma posição de receber auxílio e orientação profissional.
Além disso, o discurso revela uma desconexão com a realidade emocional. O narcisista não expressa nenhum sentimento genuíno ou preocupação com os médicos ou com o relacionamento que ele descreve. Em vez disso, ele usa a linguagem como uma ferramenta para manipular e controlar, sem considerar as consequências emocionais ou éticas de suas ações.
De acordo com Krippendorff, a análise de conteúdo deve considerar o contexto em que o texto é produzido e as inferências que podem ser feitas a partir dele. Neste caso, o contexto clínico é crucial para entender o discurso do narcisista. Ele está em um ambiente onde se espera que ele seja honesto e aberto, mas, em vez disso, ele usa a situação para exercer controle, manipulação e grandiosidade.
A análise também deve considerar a validação das inferências. No caso do narcisista, as inferências sobre a sua manipulação, a falta de empatia e a grandiosidade são consistentes com as características conhecidas do Narcisismo Maligno. Portanto, as inferências feitas a partir do discurso são válidas e replicáveis, desde que se considere o contexto e as características do narcisismo.
O discurso do Narcisista Maligno é um exemplo claro de como a linguagem pode ser usada para manipular e controlar os outros. Através da análise de conteúdo, é possível inferir que o narcisista se vê como superior e enganador, enquanto os médicos são vistos como ingênuos e facilmente manipuláveis. Essa análise revela não apenas as características do narcisista, mas também a dinâmica de poder e controle que ele estabelece em suas interações.
Em resumo, a análise do discurso com base nos princípios de Krippendorff permite uma compreensão profunda das intenções, estratégias e características psicológicas do Narcisista Maligno, destacando como a linguagem pode ser usada como uma ferramenta de manipulação e/ou dominação.
Já uma análise da sonoridade desse discurso revela aspectos notáveis da personalidade e das estratégias comunicativas do narcisista, como manipulação, grandiosidade e falta de empatia. Vamos analisar o discurso em detalhes:
Ritmo e Fluência
O discurso do narcisista é fluente e controlado, sem hesitações ou pausas prolongadas. Isso sugere que ele está confortável com a situação e seguro de si, o que é típico de alguém que se sente no controle. A fluência também reflete sua habilidade em manipular a narrativa, mantendo uma conversa aparentemente natural e descontraída, enquanto esconde suas verdadeiras intenções. Por exemplo: “Dr., eu me divirto bastante com esses médicos. Eu sei que eles sabem sobre a minha história passada, mas não têm ideia do que eu estou fazendo agora.” A fluência aqui demonstra que ele está à vontade, como se estivesse contando uma história casual, mas com um propósito oculto.
Entonação e Ênfase
A entonação do narcisista é marcada por variações sutis que destacam sua grandiosidade e satisfação pessoal. Ele usa uma entonação levemente irônica ao falar sobre os médicos, sugerindo desdém por sua suposta ingenuidade. Além disso, ele enfatiza palavras-chave que reforçam sua autoimagem de superioridade e controle. Por exemplo: “Então, divirto-me bastante. Conto que fiz coisas boas, que estou interessado no trabalho, que estou me relacionando com uma garota…” A ênfase em “divirto-me bastante” e “fiz coisas boas” revela seu prazer em manipular os outros e sua necessidade de se apresentar como alguém virtuoso (fantástico), mesmo que isso seja uma farsa. Novamente, um exemplo: “Mal sabem eles que quem conduz as consultas sou eu, saboreando a minha esperteza…” A ênfase em “quem conduz as consultas sou eu” e “saboreando a minha esperteza” destaca sua grandiosidade e satisfação ao se ver como o verdadeiro controlador da situação.
Pausas e Silêncios
O uso estratégico de pausas no discurso do narcisista serve para criar suspense e destacar certas frases, aumentando o impacto das suas palavras. Ele faz pausas breves antes de revelar informações que considera importantes, como se estivesse “saboreando” o momento em que os médicos caíram em sua armadilha. Por exemplo: “E eles acreditam, até riem comigo. Mal sabem eles que quem conduz as consultas sou eu…” A pausa após “até riem comigo” cria um contraste entre a aparente leveza da situação e a revelação de que ele está no controle, aumentando o efeito de sua manipulação.
Escolhas Lexicais e Tom
O narcisista utiliza um tom descontraído e quase lúdico, o que contrasta com a gravidade das suas intenções manipulativas. Suas escolhas lexicais refletem sua necessidade de se apresentar como alguém superior e astuto, enquanto minimiza a importância dos médicos. Por exemplo: “Dr., eu me divirto bastante com esses médicos.” A palavra “divirto” sugere que ele vê a situação como um jogo, onde ele é o jogador habilidoso e os médicos são peças facilmente manipuláveis. Um outro exemplo: “saboreando a minha esperteza…” O verbo “saboreando” é particularmente revelador, pois transmite uma sensação de prazer e satisfação ao se ver como mais inteligente que os outros.
Ironia e Duplo Sentido
A sonoridade do discurso também revela uma ironia sutil, especialmente quando o narcisista fala sobre suas supostas boas ações e intenções. Ele usa um tom que parece sincero, mas, ao mesmo tempo, deixa transparecer que está mentindo ou exagerando. Por exemplo: “Conto que fiz coisas boas, que estou interessado no trabalho, que estou me relacionando com uma garota…” O tom aqui é quase ingênuo, como se ele estivesse tentando se passar por uma pessoa recuperada, mas a ironia está no fato de que ele sabe que está enganando os médicos.
Conclusão sobre a Sonoridade
A sonoridade do discurso do narcisista maligno é marcada por uma fluência controlada, ênfases estratégicas e um tom descontraído e irônico. Esses elementos combinados criam uma narrativa que revela sua grandiosidade, manipulação e falta de empatia. Ele usa a linguagem de forma calculada para se apresentar como superior e no controle, enquanto despreza a suposta ingenuidade dos médicos.
Essa análise da sonoridade reforça a ideia de que o narcisista não está apenas comunicando informações, mas também performando sua superioridade. A sonoridade do discurso é, portanto, uma ferramenta essencial para entender suas intenções e estratégias comunicativas.
Introdução
O Narcisismo Maligno, uma forma extrema de Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN), como já mencionado em texto anterior, é caracterizado por uma combinação de traços narcisistas, antissociais e, em alguns casos, sádicos e paranoides. O tratamento desse transtorno é complexo e desafiador, pois os indivíduos com Narcisismo Maligno frequentemente resistem à terapia e têm dificuldades em reconhecer seus próprios comportamentos problemáticos. Abaixo, são discutidas as principais abordagens terapêuticas para o Narcisismo Maligno, com base em referências acadêmicas e clínicas.
1. Psicoterapia Psicodinâmica
A psicoterapia psicodinâmica é uma das abordagens mais antigas e ainda bastante utilizadas para o tratamento do Narcisismo Maligno. Essa forma de tratamento visa a explorar as raízes do comportamento narcisista, muitas vezes relacionadas às injúrias e tragédias da infância ou às defesas psicológicas disfuncionais desenvolvidas para sanar problemas emocionais. O terapeuta trabalha para ajudar o paciente a desenvolver uma maior consciência dos seus padrões de comportamento e a reconstruir um senso de identidade mais saudável (Kernberg, 1975).
Trata-se de uma abordagem terapêutica profundamente enraizada na teoria psicanalítica, que busca explorar os conflitos, as defesas psicológicas e os padrões de relacionamento que contribuem para o comportamento Narcisista Maligno. Abaixo, detalho os principais aspectos da psicoterapia psicodinâmica aplicada ao Narcisismo Maligno.
Exploração do Inconsciente
A psicoterapia psicodinâmica parte do pressuposto de que muitos dos comportamentos e sentimentos do indivíduo são influenciados por processos inconscientes. No caso do Narcisismo Maligno, o terapeuta busca identificar e explorar conflitos que podem estar na base do comportamento grandioso, manipulador e antissocial. Isso inclui a investigação de traumas de infância, como negligência, abusos ou rejeição, que podem ter levado o indivíduo a desenvolver um falso self grandioso como mecanismo de defesa (Kernberg, 1975).
Identificação de Mecanismos de Defesa
Indivíduos com esta forma de narcisismo frequentemente empregam mecanismos de defesa primitivos, como a negação, a projeção e a identificação projetiva, para lidar com a ansiedade e desregulação emocional. A terapia psicodinâmica visa a ajudar o paciente a reconhecer esses mecanismos de defesa e a entender como eles distorcem a realidade e prejudicam os relacionamentos e a si próprio. Por exemplo, a projeção, onde o indivíduo atribui seus próprios sentimentos negativos aos outros, pode ser explorada e trabalhada para promover uma visão mais realista de si mesmo e dos outros (McWilliams, 2011).
Reconstrução do Self
Um dos objetivos centrais da psicoterapia psicodinâmica para o Narcisismo Maligno é a reconstrução da própria identidade. Indivíduos com esse transtorno frequentemente têm um self frágil e fragmentado, que é protegido por uma fachada grandiosa e manipuladora. O terapeuta trabalha para ajudar o paciente a integrar aspectos rejeitados ou negados de si mesmo, promovendo um senso de “eu” mais coeso e autêntico. Isso pode envolver a exploração de sentimentos de vergonha, inadequação e vulnerabilidade que foram reprimidos e hoje rejeitados (Kohut, 1977).
Transferência e Contratransferência
A transferência, onde o paciente projeta sentimentos e expectativas de relacionamentos passados no terapeuta, é um conceito central na terapia psicodinâmica. No caso do Narcisismo Maligno, o paciente pode idealizar o terapeuta inicialmente, para depois desvalorizá-lo, refletindo padrões de relacionamento disfuncionais. O terapeuta usa a transferência como uma ferramenta para explorar esses padrões e ajudar o paciente a entender como eles afetam seus relacionamentos atuais. A contratransferência, ou seja, as reações emocionais do terapeuta ao paciente, também é monitorada e utilizada para nortear e regular o processo terapêutico (Gabbard, 2009).
Exploração de Relacionamentos Passados e Presentes
A terapia psicodinâmica envolve uma exploração detalhada dos relacionamentos passados e presentes do paciente. Isso inclui a análise de como os padrões de relacionamento disfuncionais, como a manipulação e a exploração, foram formados e como eles se manifestam atualmente. O terapeuta ajuda o paciente a reconhecer esses padrões e a desenvolver formas mais saudáveis de se relacionar com os outros (Mitchell & Black, 1995).
Desenvolvimento da Empatia
Um dos desafios no tratamento do Narcisismo Maligno é a falta de empatia, que é um traço central do transtorno. A terapia psicodinâmica busca ajudar o paciente a desenvolver uma maior capacidade de empatia, mesmo que somente a cognitiva, explorando e validando suas próprias experiências emocionais. À medida que o paciente se torna mais consciente dos seus próprios sentimentos e necessidades, ele pode começar a reconhecer e respeitar os sentimentos e as necessidades dos outros (Ronningstam, 2005).
Trabalho com a Raiva e a Agressão
Indivíduos com Narcisismo Maligno frequentemente têm dificuldades em lidar com a raiva e a agressão, que podem ser dirigidas para os outros ou internalizadas. A terapia psicodinâmica ajuda o paciente a explorar as fontes da sua raiva e a desenvolver formas mais saudáveis de expressar e gerenciar esses sentimentos. Isso pode envolver a exploração de sentimentos de inveja, ressentimento e frustração que estão por trás da agressão (Kernberg, 1984).
Estabelecimento de Limites
O estabelecimento de limites é crucial na terapia psicodinâmica para o Narcisismo Maligno. O terapeuta deve manter limites claros e consistentes para proteger a integridade do processo terapêutico e para modelar relacionamentos saudáveis. Isso pode ser particularmente desafiador, dado o comportamento manipulador e explorador do paciente, mas é essencial para o sucesso da terapia (Gabbard, 2009).
Conclusão
A psicoterapia psicodinâmica oferece uma abordagem profunda e abrangente para o tratamento do Narcisismo Maligno, focando na exploração dos conflitos inconscientes, na reconstrução do self e no desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis. Embora o tratamento possa ser longo e desafiador, especialmente devido à resistência do paciente e à complexidade do transtorno, essa abordagem pode promover mudanças significativas e duradouras, desde que realizado por profissionais experientes. A combinação de insights terapêuticos, o trabalho com a transferência e a contratransferência, e o desenvolvimento da empatia são componentes essenciais para o sucesso do tratamento.
2. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é outra abordagem eficaz, especialmente para lidar com os comportamentos disfuncionais e os padrões de pensamento distorcidos associados. A TCC ajuda os pacientes a identificar e modificar crenças negativas sobre si mesmos e os outros, além de desenvolver habilidades de regulação emocional, autorregulação e empatia (Beck et al., 2004).
No caso do Narcisismo Maligno, a TCC pode ser adaptada para abordar os traços de grandiosidade, falta de empatia, manipulação e comportamento antissocial que caracterizam o transtorno. Abaixo, detalho os principais aspectos da TCC aplicada ao problema em questão, incluindo técnicas específicas e desafios no tratamento.
Identificação de Pensamentos e Crenças Distorcidas
Um dos primeiros passos na TCC para o Narcisismo Maligno é a identificação de pensamentos e crenças distorcidas que sustentam o comportamento narcisista. Indivíduos com Narcisismo Maligno frequentemente mantêm crenças grandiosas sobre si mesmos, como “Eu sou superior aos outros” ou “Eu mereço tratamento especial”. Essas crenças são exploradas e questionadas através de técnicas como o questionamento socrático, que ajuda o paciente a examinar a validade e a utilidade desses pensamentos (Beck et al., 2004).
Reestruturação Cognitiva
A reestruturação cognitiva é uma técnica central na TCC que visa a modificar crenças e pensamentos disfuncionais. Para indivíduos com Narcisismo Maligno, isso pode envolver a substituição de crenças grandiosas por pensamentos mais realistas e adaptativos. Por exemplo, a crença “Eu sou superior aos outros” pode ser reestruturada para “Eu tenho algumas habilidades, mas também tenho limitações, como todos os outros”. O terapeuta trabalha com o paciente para desenvolver uma visão mais equilibrada de si mesmo e dos outros (Young et al., 2003).
Desenvolvimento de Habilidades de Empatia
A falta de empatia é um traço central deste problema médico. A TCC pode incluir exercícios específicos para ajudar o paciente a desenvolver uma maior capacidade de empatia. Isso pode envolver a prática de “colocar-se no lugar do outro”, onde o paciente é incentivado a considerar as perspectivas e sentimentos dos outros. Técnicas de role-playing e a análise de situações sociais também podem ser usadas para promover a compreensão empática (Linehan, 1993).
Regulação Emocional
Indivíduos com narcisismo maligno frequentemente têm dificuldade em regular suas emoções, o que pode levar a explosões de raiva, manipulação e comportamento antissocial. A TCC inclui técnicas de regulação emocional, como a identificação e nomeação de emoções, a prática de técnicas de relaxamento e a resolução de problemas. Essas técnicas ajudam o paciente a lidar com emoções intensas de maneira mais adaptativa (Gross, 1998).
Treinamento de Habilidades Sociais
O treinamento de habilidades sociais também é uma componente importante da TCC. Isso inclui a prática de habilidades como escuta ativa, comunicação assertiva e resolução de conflitos. O terapeuta pode usar técnicas de modelagem, onde demonstra comportamentos sociais adequados, e role-playing, onde o paciente pratica essas habilidades em um ambiente seguro. O objetivo é melhorar a capacidade do paciente de interagir de maneira mais positiva e cooperativa com os outros (Liberman et al., 1989).
Prevenção de Recaídas
A prevenção de recaídas também é uma parte crucial da TCC. O terapeuta trabalha com o paciente para identificar situações de risco que podem desencadear comportamentos narcisistas e antissociais, e desenvolve estratégias para lidar com essas situações de maneira mais adaptativa. Isso pode incluir a criação de um plano de ação para lidar com sentimentos de raiva, frustração ou rejeição, e a prática de técnicas de autocontrole (Marlatt & Gordon, 1985).
Trabalho com a Autoestima
Embora indivíduos com Narcisismo Maligno possam parecer ter uma autoestima elevada, isso frequentemente mascara uma autoestima frágil e dependente de validação externa. A TCC pode incluir técnicas para ajudar o paciente a desenvolver uma autoestima mais estável e autêntica, baseada em realizações reais e em uma visão mais equilibrada de si mesmo. Isso pode envolver a identificação e a valorização de qualidades positivas genuínas, e a aceitação de limitações (Beck et al., 2004).
Desafios no Tratamento
Um dos maiores desafios na TCC para o Narcisismo Maligno é a resistência do paciente à terapia. Indivíduos com esse transtorno frequentemente não reconhecem que têm um problema e podem ver a terapia como uma ameaça à sua autoimagem grandiosa. Além disso, a falta de empatia e a manipulação podem dificultar a formação de uma aliança terapêutica sólida. O terapeuta deve ser habilidoso em lidar com essas resistências e em manter limites claros e consistentes (Ronningstam, 2005).
Conclusão
A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece uma abordagem estruturada e focada no presente para o tratamento do Narcisismo Maligno, com técnicas específicas para modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais. A combinação de reestruturação cognitiva, desenvolvimento de habilidades sociais e regulação emocional são componentes essenciais para o sucesso do tratamento.
3. Terapia do Esquema
A terapia do esquema, desenvolvida por Jeffrey Young, é uma extensão da TCC que se concentra em padrões emocionais e cognitivos profundamente enraizados, conhecidos como esquemas. Para indivíduos com Narcisismo Maligno, essa terapia pode ajudar a abordar esquemas como o de grandiosidade e o de desamparo, promovendo a mudança de comportamentos autodestrutivos e a construção de relacionamentos mais saudáveis (Young et al., 2003).
A Terapia do Esquema combina muitas vezes elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) com técnicas psicodinâmicas e de apego. Esses esquemas são crenças e sentimentos negativos sobre si mesmo e os outros, que se desenvolvem na infância e persistem ao longo da vida, influenciando comportamentos e relacionamentos.
Abaixo, detalho os principais aspectos da Terapia do Esquema aplicada ao Narcisismo Maligno, incluindo técnicas específicas, objetivos terapêuticos e desafios no tratamento.
Identificação dos Esquemas Mal Adaptativos
O primeiro passo na Terapia do Esquema é identificar os esquemas mal adaptativos que sustentam o comportamento. Esses esquemas são padrões emocionais e cognitivos que se formam na infância, muitas vezes em resposta às experiências de negligência, abuso ou rejeição. No caso em questão, alguns esquemas comuns incluem:
Esquema de Grandiosidade: Crença de que se é superior aos outros e merece tratamento especial.
Esquema de Desamparo: Sentimento subjacente de inadequação e fragilidade, que é compensado pela fachada grandiosa.
Esquema de Abandono: Medo de ser rejeitado ou abandonado, que pode levar a comportamentos manipulativos para manter o controle sobre os outros.
Esquema de Desconfiança/Abuso: Crença de que os outros são hostis e que é necessário manipular ou explorar para se proteger.
O terapeuta utiliza questionários e entrevistas para identificar esses esquemas e ajudar o paciente a compreender como eles influenciam seus pensamentos, sentimentos e comportamentos (Young et al., 2003).
Modificação dos Esquemas
Uma vez identificados, os esquemas mal adaptativos são trabalhados através de técnicas específicas de modificação. O objetivo é ajudar o paciente a substituir esses padrões disfuncionais por crenças e comportamentos mais saudáveis. Algumas técnicas incluem:
Reestruturação Cognitiva: O paciente é incentivado a questionar a validade de seus esquemas e a desenvolver pensamentos mais realistas. Por exemplo, a crença “Eu sou mais esperto do que os outros” pode ser desafiada com evidências de que todos têm pontos fortes e fracos.
Experiências Emocionais Corretivas: O terapeuta cria situações que permitem ao paciente experimentar emoções positivas e validantes, contrariando os esquemas negativos. Por exemplo, o paciente pode ser encorajado a reconhecer e aceitar elogios genuínos, em vez de descartá-los ou distorcê-los.
Trabalho com o “Modo Criança Ferida”: O terapeuta ajuda o paciente a entrar em contato com a parte vulnerável de si mesmo (a “criança ferida”) que foi negligenciada ou abusada na infância. Isso pode envolver técnicas de visualização e diálogo interno para oferecer conforto e apoio a essa parte do self (Young et al., 2003).
Trabalho com os Modos de Esquema
A Terapia do Esquema utiliza o conceito de modos de esquema, que são estados emocionais e comportamentais que o paciente alterna ao longo do tempo. No Narcisismo Maligno, os modos comuns incluem:
Modo Narcisista Grandioso: Estado em que o paciente se sente superior, poderoso e merecedor de tratamento especial.
Modo Criança Ferida: Estado de vulnerabilidade e fragilidade, muitas vezes escondido sob a fachada grandiosa.
Modo Punitivo: Estado em que o paciente se critica severamente ou critica os outros, refletindo um superego rígido e punitivo.
Modo Protetor: Estado em que o paciente usa manipulação, controle ou agressão para se proteger de ameaças percebidas.
O terapeuta ajuda o paciente a identificar esses modos e a desenvolver estratégias para lidar com eles de maneira mais saudável. Por exemplo, o paciente pode aprender a reconhecer quando está no “Modo Narcisista Grandioso” e a acessar o “Modo Adulto Saudável” para tomar decisões mais equilibradas (Arntz & van Genderen, 2009).
Desenvolvimento do “Modo Adulto Saudável”
Um dos objetivos centrais da Terapia do Esquema é fortalecer o Modo Adulto Saudável, que representa a capacidade do paciente de tomar decisões equilibradas, regular emoções e se relacionar de maneira saudável. Para indivíduos com narcisismo maligno, isso envolve:
Auto e hetero compaixão: Aprender a tratar a si mesmo e os outros com gentileza e compreensão, em vez de crítica e desprezo.
Empatia: Desenvolver a capacidade de reconhecer e respeitar os sentimentos e necessidades dos outros.
Responsabilidade: Assumir a responsabilidade por suas ações e suas consequências, em vez de culpar os outros.
O terapeuta utiliza técnicas como diálogo interno e visualização para ajudar o paciente a acessar e fortalecer o Modo Adulto Saudável (Young et al., 2003).
Técnicas de Reparentalização
A reparentalização é uma técnica central na Terapia do Esquema, onde o terapeuta assume um papel de “pai/mãe saudável” para fornecer ao paciente o cuidado e a validação que ele não recebeu na infância. No caso do Narcisismo Maligno, isso pode envolver:
Validação Emocional: O terapeuta valida os sentimentos de vulnerabilidade e dor do paciente, ajudando-o a reconhecer e aceitar essas emoções.
Limites Saudáveis: O terapeuta estabelece limites claros e consistentes, modelando relacionamentos saudáveis e ajudando o paciente a internalizar esses padrões.
Cuidado e Apoio: O terapeuta oferece suporte emocional e encorajamento, ajudando o paciente a desenvolver um senso de segurança e autoestima mais estável (Young et al., 2003).
Desafios no Tratamento
O tratamento do Narcisismo Maligno com a Terapia do Esquema apresenta vários desafios:
Resistência à Mudança: Indivíduos com Narcisismo Maligno frequentemente resistem à terapia, pois podem ver a mudança como uma ameaça à sua autoimagem grandiosa.
Manipulação: O paciente pode tentar manipular o terapeuta ou distorcer o processo terapêutico para manter o controle.
Falta de Empatia: A dificuldade em reconhecer e respeitar os sentimentos dos outros pode limitar a eficácia das técnicas que dependem de empatia.
O terapeuta deve ser habilidoso em lidar com essas resistências e em manter uma postura firme, mas empática, para promover mudanças significativas (Ronningstam, 2005).
Eficácia da Terapia do Esquema
Estudos têm demonstrado que a Terapia do Esquema é eficaz no tratamento de transtornos de personalidade complexos, incluindo o Narcisismo Maligno. A abordagem integrativa, que combina técnicas cognitivas, emocionais e comportamentais, permite uma intervenção abrangente e personalizada. Além disso, o foco nos esquemas e modos de esquema ajuda a abordar as raízes profundas do comportamento narcisista, promovendo mudanças duradouras (Bamelis et al., 2014).
Conclusão
A Terapia do Esquema oferece uma abordagem profunda e integrativa para o tratamento do narcisismo maligno, focando na identificação e modificação de esquemas mal-adaptativos e no desenvolvimento de um Modo Adulto Saudável. Embora o tratamento possa ser desafiador, especialmente devido à resistência do paciente e à complexidade do transtorno, essa abordagem promete promover mudanças significativas e duradouras. A combinação de técnicas cognitivas, emocionais e comportamentais, juntamente com a reparentalização, são componentes essenciais para o sucesso do tratamento.
4. Terapia de Grupo
Embora o Narcisismo Maligno possa dificultar a participação em terapia de grupo, essa abordagem pode ser benéfica para alguns pacientes. A terapia de grupo oferece um ambiente onde os indivíduos podem receber feedback de pares e aprender a interagir de maneira mais empática e cooperativa. No entanto, é essencial que o terapeuta gerencie dinâmicas de poder e competição que possam surgir (Yalom & Leszcz, 2005).
A terapia de grupo é uma abordagem terapêutica que pode ser particularmente desafiadora, mas também potencialmente benéfica, para indivíduos com Narcisismo Maligno. Essa modalidade de terapia envolve a participação de alguns pacientes em sessões conduzidas por um ou mais terapeutas, com o objetivo de promover a interação social, o feedback entre pares e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. No caso do Narcisismo Maligno, a terapia de grupo pode ajudar a abordar traços como a falta de empatia, a manipulação e o comportamento antissocial, ao mesmo tempo em que oferece um ambiente seguro para a prática de relacionamentos mais saudáveis.
Abaixo, detalho os principais aspectos da terapia de grupo aplicada ao Narcisismo Maligno, incluindo objetivos terapêuticos, técnicas específicas, desafios e benefícios.
Objetivos da Terapia de Grupo para Narcisistas Malignos
A terapia de grupo tem vários objetivos, que incluem:
Desenvolvimento de Empatia: Ajudar os participantes a reconhecer e respeitar os sentimentos e perspectivas dos outros.
Melhoria das Habilidades Sociais: Promover a comunicação assertiva, a escuta ativa e a resolução de conflitos.
Redução do Comportamento Manipulativo: Encorajar a honestidade e a autenticidade nas interações.
Aumento da Autoconsciência: Facilitar o reconhecimento de padrões de comportamento disfuncionais e suas consequências.
Fortalecimento do Senso de Responsabilidade: Ajudar os participantes a assumir a responsabilidade por suas ações e suas consequências.
Esses objetivos são alcançados através da interação entre os membros do grupo e da mediação do terapeuta (Yalom & Leszcz, 2005).
Estrutura e Dinâmica do Grupo
A terapia de grupo para Narcisistas Malignos deve ser cuidadosamente estruturada para maximizar os benefícios e minimizar os riscos. Alguns elementos importantes incluem:
Tamanho do Grupo: Grupos menores (6-10 participantes) são ideais para permitir a participação ativa de todos os membros.
Duração das Sessões: Sessões de 90 a 120 minutos, realizadas semanalmente, são comuns.
Composição do Grupo: É importante equilibrar a composição do grupo, incluindo indivíduos com diferentes níveis de funcionamento e gravidade do transtorno, para promover a diversidade de perspectivas.
Papel do Terapeuta: O terapeuta atua como facilitador, mantendo a estrutura do grupo, mediando conflitos e promovendo a reflexão e o feedback construtivo.
Técnicas Utilizadas na Terapia de Grupo
Várias técnicas podem ser utilizadas na terapia de grupo para Narcisistas Malignos, incluindo:
a. Feedback entre Pares
O feedback entre os membros do grupo é uma ferramenta poderosa para promover a autoconsciência e a mudança comportamental. Indivíduos com narcisismo maligno podem receber feedback sobre como seu comportamento afeta os outros, o que pode ajudá-los a reconhecer padrões disfuncionais e a desenvolver maior empatia.
b. Role-Playing
O role-playing permite que os participantes pratiquem habilidades sociais e interpessoais em um ambiente seguro. Por exemplo, um paciente pode praticar como lidar com críticas ou como expressar suas necessidades de maneira assertiva, em vez de manipulativa.
c. Discussão de Temas Relevantes
O terapeuta pode propor temas para discussão, como “Como lidar com a rejeição” ou “Como expressar empatia”, que são particularmente relevantes para indivíduos com Narcisismo Maligno. Essas discussões ajudam os participantes a refletir sobre suas próprias experiências e a aprender com as experiências dos outros.
d. Técnicas de Regulação Emocional
Exercícios de regulação emocional, como técnicas de respiração e relaxamento, podem ser incorporados às sessões para ajudar os participantes a lidar com emoções intensas, como raiva ou frustração, que podem surgir durante as interações do grupo.
e. Estabelecimento de Metas
Cada participante pode estabelecer metas pessoais para o grupo, como “Melhorar minha capacidade de escutar os outros” ou “Reduzir meu comportamento manipulativo”. O progresso em relação a essas metas é revisado regularmente, com feedback do grupo e do terapeuta.
Desafios no Tratamento
A terapia de grupo apresenta vários desafios, incluindo:
Resistência à Participação: Indivíduos com Narcisismo Maligno podem resistir à terapia de grupo, pois podem ver a interação com os outros como uma ameaça à sua autoimagem grandiosa.
Manipulação e Dominação: O paciente pode tentar dominar as discussões ou manipular outros membros do grupo para manter o controle.
Falta de Empatia: A dificuldade em reconhecer e respeitar os sentimentos dos outros pode limitar a eficácia do feedback entre pares.
Conflitos Interpessoais: A agressividade e a falta de empatia podem levar a conflitos dentro do grupo, exigindo uma mediação habilidosa por parte do terapeuta. O terapeuta deve estar preparado para lidar com esses desafios, mantendo limites claros e consistentes e promovendo um ambiente de respeito e colaboração (Linehan, 1993).
Dificuldade em Estabelecer Aliança Terapêutica: A aliança terapêutica, que é fundamental para o sucesso da terapia, é particularmente difícil de estabelecer com narcisistas malignos. Eles podem ver o terapeuta como um adversário ou como alguém que deve ser conquistado, em vez de um aliado no processo de cura (Caligor et al., 2015).
Benefícios da Terapia de Grupo
Apesar dos desafios, a terapia de grupo oferece vários benefícios, incluindo:
Feedback Imediato: Os participantes recebem feedback em tempo real sobre seu comportamento e suas interações, o que pode promover mudanças mais rápidas.
Modelagem de Comportamentos Saudáveis: Os membros do grupo podem aprender uns com os outros, observando e imitando comportamentos mais adaptativos.
Redução do Isolamento: A terapia de grupo oferece uma oportunidade para conexões sociais autênticas, o que pode ajudar a reduzir o isolamento e a solidão.
Desenvolvimento de Empatia: A interação com os outros pode ajudar os participantes a desenvolver uma maior capacidade de empatia e compreensão emocional.
Eficácia da Terapia de Grupo
Estudos têm demonstrado que a terapia de grupo pode ser eficaz no tratamento de transtornos de personalidade, incluindo o narcisismo maligno, especialmente quando combinada com outras modalidades terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou a Terapia do Esquema. A interação social e o feedback entre pares são particularmente úteis para promover mudanças comportamentais e emocionais (Bieling et al., 2006).
Conclusão
A terapia de grupo oferece uma abordagem única e poderosa para o tratamento do Narcisismo Maligno, focando na interação social, no feedback entre pares e no desenvolvimento de habilidades interpessoais. Embora o tratamento possa ser desafiador, especialmente devido à resistência do paciente e à complexidade do transtorno, essa abordagem pode ser útil. A combinação de técnicas como feedback entre pares, role-playing e discussões temáticas são componentes essenciais para o sucesso do tratamento.
5. Medicação
Embora não exista um medicamento específico para tratar o Narcisismo Maligno, medicamentos podem ser usados para controlar sintomas associados, como depressão, ansiedade ou impulsividade. Antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos podem ser prescritos, dependendo dos sintomas apresentados (Gabbard, 2009).
O tratamento medicamentoso para o Narcisismo Maligno é um tema complexo e ainda em estudo, pois não existe um medicamento específico para tratar o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) ou suas formas mais graves. No entanto, medicamentos podem ser usados para controlar sintomas associados, como depressão, ansiedade, impulsividade, agressividade ou instabilidade emocional. O uso de medicamentos é geralmente complementar à psicoterapia, que continua sendo o principal tratamento para o narcisismo maligno.
Desafios no Tratamento Medicamentoso
O tratamento medicamentoso para o narcisismo maligno apresenta vários desafios, incluindo:
Resistência do Paciente: Indivíduos com narcisismo maligno podem resistir ao uso de medicamentos, pois podem ver isso como uma ameaça à sua autoimagem de autossuficiência e superioridade.
Efeitos Colaterais: Medicamentos como antipsicóticos e estabilizadores de humor podem ter efeitos colaterais significativos, como ganho de peso, sedação e problemas metabólicos.
Risco de Abuso: Benzodiazepínicos e outros medicamentos com potencial de abuso devem ser usados com cautela, especialmente em indivíduos com histórico de comportamento impulsivo ou antissocial e mesmo dependentes de substâncias.
Dificuldade em Diagnosticar Comorbidades: O Narcisismo Maligno frequentemente coexiste com outros transtornos, como Transtorno de Personalidade Antissocial, Transtornos do Humor e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), o que pode complicar o tratamento medicamentoso.
Considerações Importantes
Algumas considerações importantes no tratamento medicamentoso para Narcisistas Malignos incluem:
Acompanhamento Psiquiátrico Regular: O uso de medicamentos deve ser cuidadosamente monitorado por um psiquiatra, com ajustes de dosagem e avaliação de efeitos colaterais.
Combinação com Psicoterapia: O tratamento medicamentoso deve ser complementar à psicoterapia, que é essencial para abordar as causas subjacentes.
Individualização do Tratamento: O tratamento deve ser personalizado, levando em consideração os sintomas específicos do paciente, seu histórico médico e suas preferências.
Educação do Paciente: É importante educar o paciente sobre os benefícios e riscos dos medicamentos, bem como sobre a importância da adesão ao tratamento.
Eficácia do Tratamento Medicamentoso
Embora o tratamento medicamentoso possa ajudar a controlar sintomas específicos, ele não “cura” o Narcisismo Maligno. A eficácia dos medicamentos varia de acordo com o paciente e os sintomas apresentados. Estudos sugerem que a combinação de medicamentos com psicoterapia pode ser mais eficaz do que o uso isolado de medicamentos (Gabbard, 2009).
Conclusão
O tratamento medicamentoso para o narcisismo maligno é uma ferramenta útil para controlar sintomas específicos, como depressão, ansiedade, impulsividade e agressividade. No entanto, ele deve ser usado como parte de uma abordagem terapêutica mais ampla, que inclua psicoterapia e outras intervenções. A individualização do tratamento, o acompanhamento regular e a combinação com psicoterapia são essenciais para maximizar os benefícios e minimizar os riscos.
6. Abordagens Integrativas
Uma abordagem integrativa, que combina elementos de diferentes modalidades terapêuticas, pode ser particularmente eficaz para o narcisismo maligno. Essa abordagem permite que o terapeuta adapte o tratamento às necessidades específicas do paciente, utilizando técnicas da terapia psicodinâmica, TCC e terapia do esquema, entre outras (Millon et al., 2004).
7. Desafios no Tratamento
Mais uma vez, um dos maiores desafios no tratamento do Narcisismo Maligno é a resistência do paciente às terapias. Indivíduos com esse transtorno frequentemente não reconhecem que têm um problema e podem ver a terapia como uma ameaça à sua autoimagem grandiosa. Além disso, a falta de empatia e a manipulação podem dificultar a formação de uma aliança terapêutica sólida (Ronningstam, 2005).
Palavras Finais
O tratamento do Narcisismo Maligno requer uma abordagem multifacetada e personalizada, que leve em consideração as complexidades do transtorno. Embora o prognóstico possa ser reservado, especialmente em casos graves, intervenções terapêuticas consistentes e bem planejadas podem ajudar a reduzir comportamentos disfuncionais e melhorar a qualidade de vida do paciente e daqueles ao seu redor. A combinação de psicoterapia, medicação e, em alguns casos, terapia de grupo pode oferecer os melhores resultados.
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Médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foi Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC durante 26 anos. Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC por 20 anos, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) durante 18 anos e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex) durante 22 anos. Tem correntemente experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade.