Introdução
A comunicação está intrinsecamente ligada às teorias implícitas que subjazem às interações humanas, muitas vezes de forma não consciente. Essas teorias, embora não formalizadas, influenciam profundamente a maneira como as pessoas se comunicam e interpretam as mensagens umas das outras. Quando essas teorias implícitas são rígidas, contraditórias ou baseadas em premissas distorcidas, podem levar a padrões de comunicação disfuncionais.
Um exemplo claro é a teoria implícita de que “não é possível não comunicar”, que, quando mal interpretada ou aplicada de forma inflexível, pode gerar situações paradoxais. Por exemplo, indivíduos que tentam evitar o comprometimento inerente à comunicação acabam criando mensagens ambíguas ou contraditórias, que desestabilizam as relações. Essa ambiguidade, por sua vez, reforça a teoria implícita de que a comunicação é perigosa ou impossível, perpetuando um ciclo vicioso de isolamento e incompreensão.
Outra teoria implícita comum é a de que os conflitos devem ser resolvidos no nível de conteúdo, ignorando o nível relacional. Muitas disputas conjugais, por exemplo, giram em torno de questões aparentemente práticas, como convidar um amigo para visitar, mas, na realidade, refletem disputas sobre quem tem o direito de tomar decisões ou definir a relação. Quando os parceiros não conseguem metacomunicar — ou seja, falar sobre como estão se comunicando —, a comunicação patológica se instala, levando a pseudo desacordos e frustrações recorrentes.
A desconfirmação do eu, como descrita por Laing, é outro fenômeno que emerge de teorias implícitas distorcidas sobre a identidade e a validação mútua. Quando uma pessoa é sistematicamente ignorada ou invalidada em suas expressões, ela internaliza a teoria de que sua existência ou percepções não têm valor. Isso pode levar a uma alienação profunda, como no caso de pessoas que, incapazes de se afirmar em um ambiente familiar desconfirmador, desenvolvem sintomas como forma de comunicação indireta e desesperada.
A comunicação patológica não surge no vácuo; ela é moldada e sustentada por teorias implícitas que governam as interações humanas. Reconhecer e desafiar essas teorias — seja na terapia, nos relacionamentos ou no autoconhecimento — é essencial para romper ciclos disfuncionais e estabelecer padrões de comunicação mais saudáveis e eficazes.
A teoria da comunicação patológica tem suas origens no trabalho de pesquisadores como Paul Watzlawick, Janet Beavin e Don D. Jackson, que desenvolveram os fundamentos da pragmática da comunicação humana. Suas ideias foram apresentadas no livro Pragmática da Comunicação Humana (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967), onde exploraram como os padrões disfuncionais de interação podem levar a problemas psicológicos e relacionais. A teoria surgiu no contexto do Mental Research Institute (MRI) de Palo Alto, Califórnia, influenciada por Gregory Bateson e sua pesquisa sobre comunicação e sistemas (Bateson, 1972).
Um dos conceitos centrais da teoria é a ideia de que a comunicação não apenas transmite informação, mas também define relações. Watzlawick et al. (1967) propuseram que a comunicação patológica ocorre quando há confusão entre os níveis de conteúdo e relação, ou quando os indivíduos não conseguem metacomunicar (comunicar sobre a comunicação) de forma eficaz. Eles identificaram padrões como a desqualificação, a contradição e a ambiguidade como características da comunicação disfuncional, frequentemente observadas em contextos familiares e mesmo terapêuticos.
A teoria também foi originalmente influenciada por estudos sobre esquizofrenia e famílias, onde se observou que padrões comunicacionais paradoxais, como a “dupla vinculação” (double bind), contribuíam para geração de sintomas (Bateson, Jackson, Haley & Weakland, 1956). Essas ideias foram posteriormente expandidas para entender conflitos conjugais, distúrbios emocionais e outros problemas interpessoais.
Estratégias de Comunicação de Agressores Sexuais contra Crianças
As estratégias de comunicação adotadas por agressores sexuais são um tema de extrema relevância no campo da psicologia criminal e da segurança digital. Estudos recentes, como o de Mikkelsen et al. (2020), analisaram comunicações reais entre agressores e vítimas em plataformas online, destacando padrões comportamentais e técnicas manipulativas que facilitam a aproximação e o abuso. Esses agressores frequentemente empregam táticas que visam a estabelecer confiança, isolar a vítima e normalizar comportamentos inadequados, adaptando seu discurso conforme o perfil da vítima e o nível de risco que estão dispostos a assumir.
Uma das estratégias mais comuns identificadas na literatura é o grooming, processo no qual o agressor constrói uma relação emocional com a criança ou adolescente para ganhar sua confiança. Segundo Mikkelsen et al. (2020), isso pode incluir a utilização de linguagem afetiva, como elogios excessivos ou demonstrações de interesse genuíno pela vida da vítima. O agressor também pode se passar por alguém da mesma idade, utilizando gírias e temas populares entre jovens para criar uma falsa sensação de identificação. Essa técnica foi observada em um estudo experimental realizado na República Tcheca, onde agressores interagiram com perfis fictícios de adolescentes em redes sociais, revelando uma tendência a minimizar a percepção de risco por parte da vítima (Mikkelsen et al., 2020).
Além disso, os agressores de alto risco, conforme categorizados por Mikkelsen et al. (2020), tendem a introduzir gradualmente conteúdo sexual explícito na conversa, utilizando palavras ou imagens para testar os limites da vítima. Eles também empregam técnicas de manipulação psicológica, como gaslighting, para fazer a vítima duvidar de sua própria percepção da situação. Por exemplo, podem afirmar que “todo mundo faz isso” ou que “é normal em uma relação de confiança”. Essas estratégias são particularmente perigosas, pois corroem a capacidade da vítima de reconhecer o abuso e buscar ajuda.
Outro aspecto crítico é a tentativa de agendamento de encontros presenciais, que marca a transição do abuso virtual para o físico. Agressores de alto risco frequentemente utilizam justificativas como “querer ajudar” ou “oferecer presentes” para convencer a vítima a se encontrar (Mikkelsen et al., 2020). Essa fase é precedida por um intenso trabalho de isolamento, no qual o agressor desencoraja a vítima a compartilhar detalhes da comunicação com familiares ou amigos, alegando, por exemplo, que “ninguém entenderia a conexão especial que eles têm”.
A análise linguística dessas comunicações, realizada por meio de ferramentas como o LIWC (Linguistic Inquiry and Word Count), revelou diferenças significativas entre agressores de baixo e alto risco. Os últimos apresentam maior frequência de palavras relacionadas a processos biológicos e sexuais, além de um uso mais intenso de termos associados a preocupações pessoais, como “segredo” e “medo” (Mikkelsen et al., 2020). Esses padrões podem ser úteis no desenvolvimento de algoritmos de detecção precoce de comportamentos predatórios em plataformas digitais.
De fato, as estratégias de comunicação utilizadas por agressores sexuais são complexas e adaptativas, explorando vulnerabilidades emocionais e cognitivas das vítimas. A compreensão dessas táticas, baseada em dados empíricos como os apresentados por Mikkelsen et al. (2020), é essencial para a criação de políticas de prevenção mais eficazes e ferramentas tecnológicas capazes de identificar e bloquear interações suspeitas em tempo real. A proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital requer não apenas vigilância, mas também educação sobre os riscos e a promoção de canais seguros para denúncia e apoio psicológico.
Crenças e Distorções Cognitivas dos Agressores Sexuais durante Interações com Crianças
Os agressores sexuais que atuam online frequentemente apresentam um conjunto de crenças distorcidas e mecanismos de racionalização que justificam suas ações e facilitam a manipulação de crianças e adolescentes. Essas cognições distorcidas servem para minimizar a gravidade do abuso, negar a responsabilidade pelos atos e, em alguns casos, até convencer-se de que estão agindo em benefício da vítima. Essas crenças geralmente são conscientes e são amplamente estudadas na psicologia forense e no campo da criminologia.
Uma das distorções mais comuns é a crença de que a criança ou adolescente é um participante consentido e ativo na interação sexual. Muitos agressores interpretam comportamentos normais da idade — como curiosidade, afeto ou timidez — como sinais de interesse sexual, distorcendo a realidade para validar suas ações. Essa racionalização é reforçada quando a vítima, por medo ou manipulação, não se opõe explicitamente, levando o agressor a acreditar que há um “acordo mútuo”.
Outra crença frequente é a negação do dano causado, na qual o agressor insiste que suas ações não prejudicam a vítima, especialmente se o abuso for limitado ao ambiente virtual. Argumentos como “só estamos conversando” ou “isso não vai machucar ninguém” são usados para minimizar a gravidade do comportamento. Alguns agressores chegam a acreditar que estão “educando” a criança sobre sexualidade, distorcendo o abuso como uma forma de “orientação” ou “ajuda”.
A desumanização da vítima também é uma estratégia cognitiva comum. Ao tratar a criança como um objeto de gratificação sexual, o agressor afasta sentimentos de culpa ou empatia. Isso pode ser acompanhado por uma crença de superioridade, na qual o agressor se vê como mais inteligente ou no controle, capaz de manipular a vítima sem consequências. Essa visão é particularmente perigosa em ambientes online, onde o anonimato e a distância física reforçam a ilusão de impunidade.
Alguns agressores desenvolvem crenças persecutórias, acreditando que são injustiçados ou que a sociedade não os compreende. Essa mentalidade pode levá-los a se verem como “vítimas” de um sistema opressor, justificando suas ações como uma forma de revanche ou libertação. Essa distorção é frequentemente observada em casos em que o agressor tem histórico de rejeição social ou frustrações pessoais mal resolvidas.
Por fim, há aqueles que culpam a vítima ou terceiros, argumentando que a criança ou adolescente “seduziu” ou “provocou” o abuso. Essa inversão de responsabilidade é uma forma de evitar confronto com a realidade dos seus crimes. Em alguns casos, agressores podem até acusar os pais ou a sociedade de “negligência”, sugerindo que, se a vítima estivesse mais bem supervisionada, o abuso não ocorreria.
Essas crenças distorcidas não apenas facilitam o comportamento criminoso, mas também dificultam a reabilitação, pois muitos agressores resistem a reconhecer o dano causado. Programas de tratamento para ofensores sexuais frequentemente incluem terapia cognitivo-comportamental para confrontar essas distorções e reconstruir uma visão mais realista e ética das interações com crianças.
A Comunicação Patológica dos Ofensores Sexuais no Grooming
A formação da comunicação patológica no contexto do grooming pode ser entendida como um processo complexo, no qual estratégias de manipulação e controle são utilizadas para estabelecer relações abusivas. Segundo estudos recentes, o grooming envolve a gradual construção de confiança e a manipulação da vítima, muitas vezes através de comunicações que distorcem a realidade e criam dependência emocional (Craven, Brown, & Gilchrist, 2006). Esse processo é marcado por padrões de interação que desequilibram a dinâmica relacional, favorecendo o agressor e isolando a vítima.
Watzlawick, Beavin e Jackson (1967) destacam que a comunicação patológica surge quando há distorções nos axiomas da comunicação humana, como a impossibilidade de não comunicar, a estrutura dos níveis de conteúdo e relação, e a pontuação da sequência de eventos. No grooming, essas distorções são intencionalmente utilizadas para confundir a vítima, criando um ambiente em que a ambiguidade e a contradição se tornam constantes. Por exemplo, o agressor pode alternar entre mensagens afetivas e ameaçadoras, gerando uma dissonância cognitiva que dificulta a capacidade da vítima de interpretar a situação de forma clara (Whittle, Hamilton-Giachritsis, & Beech, 2015).
Além disso, a comunicação patológica no grooming frequentemente envolve a desqualificação da mensagem, técnica em que o agressor invalida as percepções e sentimentos da vítima, fazendo com que ela duvide de sua própria experiência (Watzlawick et al., 1967). Isso pode ser observado em frases como “Você está exagerando” ou “Isso nunca aconteceu”, que minam a autoconfiança da vítima e reforçam o controle do agressor. A impermeabilidade, descrita por Laing, Phillipson e Lee (1966), também desempenha um papel crucial, pois a vítima é levada a aceitar a realidade imposta pelo agressor, sem questionar suas inconsistências.
Outro aspecto relevante é o uso de paradoxos pragmáticos, como injunções contraditórias que colocam a vítima em situações impossíveis (Watzlawick et al., 1967). Por exemplo, o agressor pode exigir que a vítima “seja espontânea” ou “demonstre amor sem questionar”, criando um ciclo de frustração e submissão. Esses mecanismos são amplificados em contextos de grooming, onde a assimetria de poder é acentuada, como em relações entre adultos e crianças ou entre figuras de autoridade e subordinados (O’Connell, 2003).
A comunicação patológica no grooming é construída através da manipulação sistemática dos processos interacionais, utilizando-se de ambiguidades, contradições e invalidações para controlar e isolar a vítima. Compreender esses mecanismos é essencial para identificar e combater práticas abusivas, tanto em contextos interpessoais quanto institucionais.
Outras Estratégias Linguísticas Utilizadas por Agressores Sexuais contra Vítimas na Internet
A comunicação online entre agressores sexuais e vítimas envolve uma série de estratégias linguísticas cuidadosamente elaboradas para manipular, isolar e controlar as vítimas. Essas estratégias, muitas vezes sutis e graduais, são fundamentais para o processo de grooming, no qual o agressor estabelece uma relação de confiança com a criança ou adolescente antes de avançar para comportamentos abusivos. Estudos como o de Black et al. (2015) demonstram que os agressores adaptam sua linguagem ao ambiente digital, aproveitando-se da natureza mediada da comunicação para acelerar o processo de manipulação e minimizar a percepção de risco por parte da vítima.
Uma das estratégias mais comuns é o uso de linguagem afetiva e de apoio, como elogios excessivos e demonstrações de interesse genuíno pela vida da vítima. Os agressores frequentemente iniciam as conversas com comentários como “você é muito inteligente” ou “adoro conversar com você”, criando uma sensação de validação e aceitação. Essa abordagem, conhecida como “friendship forming“, visa a estabelecer um vínculo emocional rápido, especialmente em ambientes online, onde a falta de interação face a face pode ser compensada por uma comunicação intensa e personalizada. A pesquisa de Black et al. (2015) revelou que 89% dos agressores analisados utilizaram elogios já nas primeiras interações, muitas vezes como uma forma de garantir a atenção e a cooperação da vítima.
Outra tática frequente é a introdução gradual de conteúdo sexual, disfarçada sob o pretexto de “curiosidade” ou “educação”. Os agressores podem começar com perguntas aparentemente inocentes, como “você já namorou alguém?”, antes de avançar para temas mais explícitos. Esse processo de dessensibilização é crucial para normalizar conversas sexualizadas, reduzindo a resistência da vítima. O estudo de Black et al. (2015) mostrou que muitos agressores introduziram temas sexuais já nos primeiros 20% da conversa, indicando uma aceleração do grooming em comparação com interações presenciais.
A avaliação de risco também é uma estratégia central na comunicação online. Os agressores buscam informações sobre a rotina da vítima, como horários em que os pais não estão em casa ou a localização da residência, para planejar encontros presenciais. Perguntas como “seus pais trabalham o dia todo?” ou “você fica sozinho em casa?” são comuns e servem para identificar oportunidades de abuso. Curiosamente, o estudo de Black et al. (2015) constatou que os agressores online tendem a abordar esses tópicos muito mais cedo do que os agressores presenciais, muitas vezes já nas primeiras mensagens. Isso reflete a consciência dos riscos associados à internet, como a possibilidade de a vítima ser um agente disfarçado ou os pais monitorarem as conversas.
Além disso, os agressores frequentemente empregam técnicas de exclusividade e segredo, incentivando a vítima a manter a comunicação em sigilo. Frases como “isso é só entre nós” ou “seus pais não entenderiam nossa amizade” são usadas para isolar a vítima e dificultar a busca por ajuda. Essa estratégia é reforçada por declarações de “amor” ou confiança, como “eu confio em você” ou “você é especial para mim”, que criam um senso de obrigação emocional. Embora menos frequentes do que em interações presenciais, essas táticas ainda são significativas no contexto online.
A linguagem de urgência e pressão também é comum, especialmente quando o agressor busca marcar um encontro físico. Expressões como “vamos nos encontrar hoje?” ou “não conte a ninguém, é nosso segredo” são usadas para acelerar o processo e reduzir a chance da vítima refletir sobre os perigos. Em alguns casos, os agressores recorrem a ameaças veladas, como “se você não vier, vou ficar muito triste”, para manipular emocionalmente a vítima.
Por fim, os agressores podem utilizar técnicas de gaslighting, distorcendo a realidade para fazer a vítima questionar sua própria percepção. Comentários como “você está exagerando” ou “todo mundo faz isso” servem para minimizar a gravidade das ações e normalizar o comportamento abusivo. Essa estratégia é particularmente perigosa, pois pode levar a vítima a acreditar que a situação é normal ou que ela é culpada pelo que está acontecendo.
As estratégias linguísticas utilizadas por agressores sexuais online são multifacetadas e adaptadas às particularidades do ambiente digital. Elas incluem desde a construção de vínculos emocionais até a introdução gradual de conteúdo sexual e a manipulação por meio de segredos e pressão. Compreender essas táticas é essencial para o desenvolvimento de ferramentas de detecção precoce e programas de prevenção que possam proteger crianças e adolescentes dos riscos associados à internet.
Uma Tipologia de Agressores Sexuais baseada nos Padrões de Comunicação
A comunicação desempenha um papel central na dinâmica dos crimes sexuais cometidos online contra menores. O estudo de Tener, Wolak e Finkelhor (2015) apresenta uma tipologia detalhada que categoriza os agressores sexuais online com base em seus padrões de comunicação, identidades online e offline, dinâmicas de relacionamento com as vítimas e nível de expertise em crimes sexuais. Essa tipologia revela a heterogeneidade desses agressores, desafiando estereótipos simplistas e destacando a necessidade de intervenções diferenciadas.
Os Quatro Tipos de Agressores e Seus Estilos de Comunicação
O Expert possui um estilo de comunicação sofisticado e estratégico. Esses agressores utilizam múltiplas plataformas, como redes sociais, salas de chat e mensagens de celular, para contatar vítimas, muitas vezes criando identidades falsas para ganhar confiança. Sua comunicação é meticulosa, incluindo grooming prolongado e manipulação psicológica (Tener et al., 2015). Por exemplo, um agressor pode se passar por um adolescente em redes sociais para atrair vítimas, usando elogios e promessas de amor para solicitar imagens íntimas. Seu objetivo principal é a satisfação sexual e/ou o acúmulo de material de abuso infantil, com pouco ou nenhum vínculo emocional com as vítimas.
O Cínico, por sua vez, apresenta um estilo de comunicação menos sofisticado que o “expert”, mas ainda assim manipulador. Frequentemente, esses agressores conhecem as vítimas offline, como familiares ou conhecidos, e usam a comunicação digital para reforçar o controle (Tener et al., 2015). Um exemplo seria um tio que envia mensagens sexuais para uma sobrinha adolescente, inicialmente sob o pretexto de “educação sexual”. Seu objetivo é a exploração sexual sem envolvimento emocional, muitas vezes com múltiplas vítimas em contextos de fácil acesso.
O Focado em Afeto se destaca por uma comunicação emotiva e aparentemente genuína. Esses agressores buscam relacionamentos românticos ou de cuidado, muitas vezes acreditando que seus sentimentos são recíprocos (Tener et al., 2015). Um exemplo seria um adulto que mantém uma relação online prolongada com um adolescente, trocando mensagens afetuosas e imagens íntimas, acreditando que a vítima deve se apaixonar. Seu objetivo é estabelecer vínculos afetivos, ainda que ilegais devido à idade da vítima.
O Focado em Sexo adota um estilo de comunicação direto e explícito, buscando encontros sexuais imediatos, muitas vezes em sites ou aplicativos orientados para adultos (Tener et al., 2015). Um exemplo seria um adulto que marca um encontro sexual após uma breve troca de mensagens em um site de encontros, sem questionar a idade declarada pela vítima. Seu objetivo é a satisfação sexual imediata, sem interesse em relacionamentos prolongados.
Implicações para Prevenção e Intervenção
A tipologia proposta por Tener et al. (2015) destaca a necessidade de abordagens diferenciadas para combater crimes sexuais online. No caso dos “experts” e “cínicos”, estratégias de prevenção devem focar em detectar padrões de manipulação e grooming, como mensagens repetitivas ou solicitação de imagens íntimas (Wolak, Finkelhor, & Mitchell, 2008). Já para os “focados em afeto” e “sexo”, programas educacionais podem alertar adolescentes sobre os riscos de relacionamentos online com adultos, mesmo que pareçam consensuais (Mishna, McLuckie, & Saini, 2009).
Além disso, profissionais de saúde mental e da justiça devem considerar as motivações distintas desses agressores ao planejar tratamentos. Enquanto agressores “experts” podem exigir intervenções focadas em controle de impulsos e parafilias, os “focados em afeto” podem se beneficiar de terapias que abordem distorções cognitivas sobre relacionamentos (Bourget & Bradford, 2008).
A comunicação dos agressores sexuais online varia significativamente, desde a manipulação calculista até a busca por conexões emocionais ou sexuais imediatas. Reconhecer essa diversidade é essencial para desenvolver políticas públicas, estratégias de prevenção e tratamentos eficazes. Futuras pesquisas poderiam explorar como fatores culturais e tecnológicos influenciam esses padrões de comunicação.
Dez Exemplos Fictícios de Agressores Sexuais (Baseados nos Estilos de Linguagem)
Abaixo, seguem dez resumos de casos fictícios (embora construídos com base na prática clínica específica) de agressores sexuais online, baseados nos padrões de comunicação, estratégias de grooming e estilos de linguagem:
Caso 1.
A., um indivíduo do sexo masculino de 28 anos, apresenta um padrão de comportamento intrigante, caracterizado pela criação de múltiplas identidades fictícias em plataformas de redes sociais. Desde a adolescência, ele tem utilizado essa estratégia, frequentemente se apresentando como um jovem de 15 a 17 anos, visando a interagir com adolescentes.
Ao iniciar suas interações online, A. emprega uma abordagem cuidadosamente elaborada, utilizando um vocabulário sofisticado e uma linguagem polida para estabelecer uma conexão inicial com seus interlocutores. Ele aborda temas inocentes e universais, como hobbies comuns, séries de TV e interesses musicais. Essa técnica de grooming tem como objetivo criar um ambiente seguro e acolhedor, que gradualmente evolui para questões de natureza sexual.
Uma vez que a confiança é estabelecida, A. introduz gradualmente temas de conotação sexual em suas conversas. Ele articula suas falas de maneira estratégica, como por exemplo, afirmando: “Você parece ser muito madura para sua idade. Podemos conversar sobre coisas que outros não entenderiam…”. Essa abordagem cuidadosa permite que ele manipule a percepção dos seus interlocutores, fazendo com que se sintam confortáveis e abertos a compartilhar informações pessoais e íntimas.
Análise do Caso 1. O Manipulador Calculista
Estilo de Linguagem: Sofisticado, estratégico e polido. Usa vocabulário elaborado para ganhar confiança.
Grooming: Cria múltiplas identidades falsas em redes sociais, simulando ser um adolescente. Inicia conversas inocentes sobre hobbies compartilhados antes de introduzir temas sexuais de forma gradual.
Caso 2.
B. é uma jovem de 16 anos que, nos últimos meses, começou a receber mensagens de um indivíduo na faixa dos 30 anos, que se apresenta como “mentor” e oferece conselhos sobre a vida. Essa comunicação começou quando B. participou de um grupo online voltado para adolescentes, onde o contato inicial foi facilitado por uma amizade pré-existente com um dos integrantes, que, por sua vez, já havia sido abordado pelo adulto. O “mentor” rapidamente descobriu informações sobre a vida de B. e começou a se mostrar interessado em seus problemas pessoais, especialmente em questões familiares.
O homem apresenta-se como uma figura de proteção, sugerindo que entende as dificuldades que B. enfrenta em casa, afirmando coisas como: “Seu pai não te entende, mas eu posso te ajudar. Você pode confiar em mim.” Essa falsa preocupação é revestida de um tom de empatia, fazendo com que B. acredite que está sendo ouvida e compreendida de maneira única.
Com o tempo, o “mentor” começou a fazer perguntas cada vez mais íntimas, justificando sua curiosidade com o respaldo dos seus conselhos. Ele argumenta que, para ajudar B. a se sentir melhor e a lidar com seus desafios, é essencial que ela compartilhe seus pensamentos e sentimentos mais profundos. Essa estratégia de grooming aproveita a familiaridade existente na dinâmica do grupo, fazendo com que B. sinta que está apenas recebendo apoio.
O comportamento do “mentor” é preocupante, pois utiliza a vulnerabilidade de B. para criar um laço de dependência emocional, distorcendo a noção de proteção e orientação. Essa relação, que deveria ser saudável e construtiva, transforma-se em um caminho perigoso, onde a jovem pode ficar exposta a manipulações e a situações que comprometem sua segurança e bem-estar.
Análise do Caso 2. O Cínico
Estilo de Linguagem: Direto, mas com toques de falsa preocupação. Usa termos como “mentor” ou “proteção”.
Grooming: Aproveita laços existentes (ex.: familiaridade com a vítima). Oferece “aconselhamento” para justificar perguntas íntimas.
Caso 3.
C., uma adolescente de 15 anos, começou a se comunicar com um jovem que dizia ter 19 anos em uma plataforma de redes sociais. A princípio, a interação parecia inofensiva e até mesmo cheia de carinho, como um típico flerte juvenil. O dito rapaz, que se autodenominava “M”, rapidamente percebeu a vulnerabilidade de C. e, utilizando palavras carregadas de emoção, começou a construir uma relação que ele descrevia como única e especial.
Com mensagens diárias, M. enviava elogios incessantes, afirmando: “Nunca conheci alguém como você. Você é a pessoa mais especial da minha vida.” Esse reconhecimento constante fez com que C. se sentisse valorizada e adorada, criando uma conexão intensa entre os dois, mesmo que apenas virtual. Ele geralmente se referia a ela como sua “alma gêmea”, fazendo promessas de amor eterno e de um futuro juntos, apesar de nunca terem se encontrado pessoalmente.
Ao longo do tempo, M. começou a enviar presentes virtuais, como flores e cartões digitais, que davam a impressão de um envolvimento romântico genuíno e meticulosamente planejado. Esses gestos eram acompanhados de mensagens que falavam sobre destino e como eles estavam “predestinados” a se encontrar, reforçando ainda mais os laços emocionais que ele estava estabelecendo com C..
Após meses de interação, M. começou a sugerir encontros presenciais, alegando que precisavam se ver para solidificar a conexão que já existia entre eles. Ele convenceu C. de que era essencial que eles se vissem, para assim confirmarem a autenticidade dos seus sentimentos e a magia do seu “amor”. Essa manipulação emocional não apenas explorou a inexperiência de C. em relacionamentos, mas também a transformou em um alvo vulnerável para possíveis intenções predatórias.
Análise do Caso 3. O Romântico
Estilo de Linguagem: Emocional, repleto de elogios e promessas de amor. Usa palavras como “alma gêmea” e “destino”.
Grooming: Constrói uma relação “romântica” prolongada, enviando mensagens diárias e presentes virtuais antes de sugerir encontros.
Caso 4.
D., uma jovem de 13 anos, começou a receber mensagens diretas de um homem que conheceu em um aplicativo de relacionamentos. Ele logo foi direto ao ponto, sem rodeios, perguntando se ela estava disposta a sair naquela mesma noite. Ignorando qualquer tipo de aproximação gradual, o homem deixou claro que seu interesse era puramente sexual, fazendo várias referências explícitas. Ele sabia da idade dela, mas isso não o impediu de tentar marcar o encontro rapidamente.
“Vamos nos encontrar hoje? Você sabe o que estou procurando”, ele mandou, reduzindo a confiança que poderia ser construída em diálogos mais respeitosos e amáveis. O comportamento dele revelava uma falta de consideração pelas emoções da D., priorizando apenas suas intenções imediatas, marcando encontros de forma a pressionar a jovem a ceder às suas vontades. Essa situação é um exemplo típico de grooming, onde uma das partes ignora as etapas normais de interação e respeito, visando apenas satisfazer suas necessidades pessoais de forma predatória. D., sentindo-se desconfortável com o avanço, se questionava sobre como lidar com a situação, percebendo que a urgência e a falta de sensibilidade dele não eram normais.
Análise do caso 4. O Focado em Sexo (Objetivo Explícito)
Estilo de Linguagem: Vulgar e imediato. Aborda temas sexuais desde a primeira mensagem.
Grooming: Ignora etapas de construção de confiança. Marca encontros rápidos em aplicativos de adultos, mesmo sabendo da idade da vítima.
Caso 5.
E. é uma menina de 12 anos que, após algumas dificuldades de aceitação em seu grupo de amigos, começou a se sentir isolada e solitária. Em um momento de vulnerabilidade, conheceu um rapaz mais velho que inicialmente se apresentou como alguém compreensivo e acolhedor. Ele rapidamente captou suas inseguranças, fazendo comentários que pareciam calorosos, como “Eu te aceito como você é”. Essas palavras tocaram E., fazendo-a sentir que finalmente alguém a entendia de verdade.
Com o tempo, ele se mostrou cada vez mais presente na vida dela, sempre reforçando que seus amigos haviam a abandonado e que ele seria a única pessoa em quem ela poderia confiar. “Só precisamos ficar mais próximos”, ele dizia, insinuando que ele poderia ser o apoio que E. tanto precisava. Essa estratégia fez com que ela se sentisse especial, levando-a a compartilhar segredos íntimos e pessoais que, em sua mente, cimentavam uma conexão entre eles.
Contudo, após alguns meses, E. começou a perceber que a relação tinha uma dinâmica perigosa. O rapaz usava as informações que compartilhava como uma forma de controle, insinuando que, se ela não atendesse às suas exigências, ele revelaria seus segredos a outras pessoas. Essa chantagem emocional deixou E. em um estado de constante ansiedade, pois a ideia de ser exposta a feridas antigas era aterradora. O que começou com promessas de aceitação e compreensão se transformou em um ciclo de manipulação e medo, aprofundando ainda mais suas inseguranças e solidão. Ela se via presa em um conflito interno, lutando para entender se a conexão que havia criado era realmente amorosa ou apenas uma armadilha.
Análise do Caso 5. O Manipulador de Vulnerabilidades
Estilo de Linguagem: Empático, focado em inseguranças da vítima (ex.: aparência, solidão).
Grooming: Usa frases como “Eu te aceito como você é” para isolar a vítima e depois chantageá-la com segredos compartilhados.
Caso 6.
L., um homem de 30 anos, começou a interagir com F., uma adolescente de 13 anos, através de redes sociais. Desde o início, sua abordagem era marcada por um tom autoritário e paternalista. Ele frequentemente dizia coisas como “eu vou te ensinar sobre o mundo” e “deixe-me te mostrar como as coisas funcionam de verdade”. Essas palavras, que pareciam oferecer uma falsa sensação de segurança, fizeram F. se sentir valorizada e atraída pela ideia de receber orientação de alguém mais experiente.
L. se apresentava como uma figura protetora, mencionando que sua intenção era cuidar dela e ajudá-la a entender a vida. Com o tempo, ele começou a sugerir que F. enviasse fotos e compartilhasse momentos mais íntimos, afirmando que isso era uma parte natural do relacionamento e que ele estava apenas tentando proporcionar a ela uma experiência de crescimento. “Você é muito ingênua, mas não se preocupe, estou aqui para te guiar”, ele dizia, tentando justificar sua busca por contato físico e trocas de imagens.
Essas mensagens criaram um ambiente de manipulação, em que F., cada vez mais impressionada com a atenção que recebia, começou a ignorar seus instintos de cautela. Ele conseguiu criar uma conexão que misturava cuidado e controle, fazendo com que ela se sentisse confusa e vulnerável. À medida que os pedidos de L. se tornavam mais insistentes, F. lutava internamente entre o desejo de agradá-lo e o desconforto que suas ações provocavam. Essa dinâmica perigosa a deixou em uma situação delicada, cercada por incertezas sobre o que era um relacionamento saudável e o que era manipulação disfarçada de proteção.
Análise do caso 6. O Falso Protetor
Estilo de Linguagem: Autoritário e paternalista. Usa termos como “cuidar” e “proteger”.
Grooming: Oferece falsa segurança (“eu vou te ensinar sobre o mundo”) para justificar contato físico ou troca de imagens.
Caso 7.
G., um garoto de 14 anos, passou a jogar um novo game online e logo fez amizade com um jogador que se apresentava como “M.”, um adolescente aparentemente da mesma idade. A vibe de M. era descontraída, cheia de gírias e referências que ressoavam com o mundo de G.. Eles se divertiam juntos, trocando dicas sobre o jogo e conversando sobre os desafios da adolescência.
Com o tempo, M. começou a abordar temas mais íntimos, dizendo que era normal ter curiosidade sobre sexo e relacionamentos. “Todo mundo faz isso na sua idade, cara. Vamos experimentar juntos?”, ele dizia, como se estivesse convidando G. para fazer parte de um clube exclusivo. Essas conversas foram se intensificando, e M. usava uma linguagem descolada, descontraída, que fazia G. se sentir confortável, como se estivesse conversando com um amigo de longa data.
Para G., a interação parecia saudável no início, mas a frequência e a intensidade das mensagens começaram a deixá-lo um pouco confuso. Ele se perguntava se era realmente aceitável discutir tais assuntos com alguém que mal conhecia. No entanto, a ideia de compartilhar esses “segredos” com M. fez com que ele se sentisse especial e incluído. Esse tipo de manipulação levou G. a revelar mais sobre sua vida pessoal, criando uma conexão que rapidamente ultrapassava os limites do que deveria ser uma amizade jovem.
Essas interações que começaram como um jogo descomplicado logo se tornaram uma armadilha, onde a verdadeira identidade de M. e suas intenções se tornaram nebulosas. G. via-se em um dilema, balançando entre a busca por aceitação e o desconforto com a direção que a conversa estava tomando. O que parecia ser só diversão se transformou em uma situação que exigia que ele reconsiderasse os limites do que era apropriado para alguém da sua idade.
Análise do Caso 7. O Colega Virtual
Estilo de Linguagem: Informal, com gírias e referências juvenis.
Grooming: Se passa por outro adolescente em jogos online, compartilhando “segredos” para normalizar conversas íntimas.
Caso 8.
H., uma jovem de 13 anos, começou a interagir com um rapaz chamado F. em uma plataforma de mensagens. No início, as conversas eram casuais, mas logo F. começou a se mostrar cada vez mais insistente. Mesmo quando H. tentou cortar o contato de maneira educada, informando que não estava interessada em continuar a conversa, ele não respeitou sua decisão.
F. começou a enviar mensagens repetidas, sempre com um tom de cobrança, como “Por que você me ignora?” e “Eu só quero entender o que aconteceu”. Foi perceptível que ele não aceitava o não como resposta, e essa insistência só aumentou com o tempo, gerando um clima de desconforto para H.. Em um momento de desespero, ela decidiu bloquear F., mas, mesmo assim, ele continuou a buscar formas de se comunicar, criando contas para enviar mensagens.
Durante uma dessas investidas, F. chegou a ameaçar H., dizendo que, se ela não respondesse, ele contaria para sua família sobre as conversas que tiveram, insinuando que tornaria tudo público. Essa chantagem emocional deixou H. apavorada e mais angustiada, já que ela queria esquecer a situação, mas sentia-se presa pela possibilidade de ver sua privacidade invadida e sua reputação manchada.
H. ficou extremamente angustiada e insegura, temendo o que poderia acontecer se a situação escalasse ainda mais. A constante pressão e o controle emocional que F. exercia sobre ela se tornaram uma fonte de estresse, fazendo com que ela se sentisse isolada e assustada. O clima se tornou insuportável, e a experiência a fez perceber a seriedade do que estava enfrentando, levando-a a pensar em buscar ajuda e contar para alguém de confiança sobre o que estava acontecendo.
Análise do Caso 8. O Persistente
Estilo de Linguagem: Insistente e invasivo, mesmo após rejeição.
Grooming: Manda mensagens repetidas (“Por que você me ignora?”) e ameaça expor conversas se a vítima cortar contato.
Caso 9.
I., uma adolescente de 12 anos, começou a trocar mensagens com um homem chamado P. em um aplicativo de redes sociais. P. apresentava-se como alguém generoso, sempre fazendo promessas de presentes e recompensas materiais. “Você merece coisas boas”, ele dizia, encantando I. com suas palavras gentis e sua atenção. A cada conversa, ele a elogiava, reforçando que ela era especial e merecia o melhor da vida.
Com o tempo, P. começou a sugerir que ela enviaria fotos para ele, prometendo que, em troca, poderia comprar um celular novo para ela. “Basta me enviar uma foto sua primeiro, e eu te ajudo”, ele insistia, fazendo parecer que era uma troca justa. I., animada com a possibilidade de receber algo que sempre quis, começou a se sentir atraída pela ideia de que suas inseguranças poderiam ser ‘resolvidas’ com um presente material.
P. se mostrava atencioso, sempre reforçando que ele estava apenas tentando ajudá-la e que trocas como aquelas eram normais. Ele usou essa abordagem carinhosa para normalizar o pedido de fotos e potencialmente encontros, usando frases que faziam I. se sentir valorizada e desejada. No entanto, essa fachada de generosidade escondia suas verdadeiras intenções, que, com o tempo, I. começou a perceber que poderiam não ser tão inocentes assim.
Enquanto ela lutava entre sua empolgação por um novo celular e suas dúvidas sobre a relação, ficou cada vez mais evidente que P. estava manipulando suas emoções com promessas de recompensa. Essa dinâmica fez com que I. se sentisse insegura, levando-a a questionar se a amizade era genuína ou apenas uma forma de controle disfarçada de generosidade.
Análise do Caso 9. O Generoso
Estilo de Linguagem: Generoso, com promessas de presentes ou dinheiro.
Grooming: Oferece recompensas materiais (“Vou te comprar um celular novo”) em troca de fotos ou encontros.
Caso 10.
J., uma jovem de 12 anos, começou um relacionamento online com um rapaz mais velho chamado M.. Desde o início, M. utilizou uma abordagem repleta de desconfiança em relação a figuras de autoridade, convencendo J. de que ninguém poderia entender o amor que eles compartilhavam. Ele frequentemente dizia que seus sentimentos eram únicos e especiais, e que até mesmo os pais dela não conseguiriam aceitar a relação deles. Mencionava que “ninguém vai entender nosso amor” e que deveriam manter tudo em segredo, cultivando um clima de exclusividade e intimidade.
Com o passar do tempo, M. começou a sugerir que eles deveriam fugir juntos para um lugar onde pudessem ter liberdade, longe de olhares julgadores e da desaprovação de suas famílias. “Seus pais vão nos separar, e eu não quero que isso aconteça. Vamos nos libertar!”, ele insistia, insinuando que a única forma de garantir seu amor seria se afastarem de todos que poderiam tentar intervir.
A linguagem de M. era carregada de um senso de urgência, fazendo J. sentir que deveria esconder a relação e que qualquer tentativa de discutir suas preocupações com amigos ou familiares seria em vão. Essa manipulação emocional fez com que J. se sentisse cada vez mais isolada e dependente de M., criando uma dinâmica que a afastava de qualquer apoio que pudesse ajudá-la a ver a situação de forma clara.
Essa atmosfera de segredo e paranoia a fez duvidar de sua própria capacidade de discernir o que era certo e saudável. Ela se via presa entre a promessa de um amor verdadeiro e a crescente consciência de que a relação estava repleta de riscos. J. estava em um dilema, lutando contra seus instintos, que a alertavam sobre os perigos da situação, enquanto M. continuava a reforçar a ideia de que o mundo exterior nunca entenderia o que eles tinham. Essa manipulação cuidadosa fez com que J. se sentisse encurralada, sem saber como lutar contra a pressão que vinha de alguém que prometia amor e segurança.
Análise do Caso 10. O Teórico da Conspiração
Estilo de Linguagem: Paranoico, desacreditando autoridades.
Grooming: Convence a vítima de que “ninguém vai entender nosso amor” e que devem manter segredo.
Padrões Comuns Observados entre os Casos
Fases do Grooming: Amizade → Confiança → Isolamento → Sexualização (nem sempre lineares).
Técnicas Recorrentes: Elogios, chantagem emocional, normalização de comportamentos sexuais.
Adaptação ao Meio Digital: Uso do anonimato, múltiplas plataformas e linguagem ajustada ao perfil da vítima.
Esses resumos refletem a heterogeneidade descrita nos estudos, destacando a necessidade de intervenções específicas para cada perfil.
Uma Análise sobre Formas de Comunicação Patológica Presentes nos Agressores de Cada Um dos 10 Casos Descritos
Os dez casos da casuística “Comunicação Patológica (CP) entre Ofensores Sexuais” ilustram diferentes tipos de comunicação patológica empregados por ofensores sexuais no processo de grooming. Cada caso apresenta um estilo de linguagem e um conjunto de táticas de manipulação distintos.
Aqui está uma análise dos tipos de comunicação patológica presentes em cada caso:
Caso 1: O Manipulador Calculista.
Comunicação Patológica: Criação de múltiplas identidades falsas para interagir com adolescentes, uso de linguagem polida para ganhar confiança e introdução gradual de temas sexuais.
Caso 2: O Cínico.
Comunicação Patológica: Aproveitamento de laços existentes para oferecer “aconselhamento” e justificar perguntas íntimas, distorcendo a noção de proteção e orientação.
Caso 3: O Romântico.
Comunicação Patológica: Construção de uma relação “romântica” prolongada com mensagens diárias e presentes virtuais antes de sugerir encontros, explorando a inexperiência da vítima em relacionamentos.
Caso 4: O Focado em Sexo.
Comunicação Patológica: Abordagem direta de temas sexuais desde a primeira mensagem, ignorando etapas de construção de confiança e marcando encontros rápidos.
Caso 5: O Manipulador de Vulnerabilidades.
Comunicação Patológica: Uso de frases como “Eu te aceito como você é” para isolar a vítima e depois chantageá-la com segredos compartilhados, explorando a vulnerabilidade emocional da vítima.
Caso 6: O Falso Protetor.
Comunicação Patológica: Oferecimento de falsa segurança (“eu vou te ensinar sobre o mundo”) para justificar contato físico ou troca de imagens, manipulando a vítima sob o disfarce de proteção.
Caso 7: O Colega Virtual.
Comunicação Patológica: Apresentação como outro adolescente em jogos online, compartilhando “segredos” para normalizar conversas íntimas, criando uma falsa sensação de igualdade e cumplicidade.
Caso 8: O Persistente.
Comunicação Patológica: Envio de mensagens repetidas e ameaças de expor conversas se a vítima cortar contato, demonstrando falta de respeito pela autonomia da vítima.
Caso 9: O Generoso.
Comunicação Patológica: Oferecimento de recompensas materiais em troca de fotos ou encontros, explorando a vulnerabilidade socioeconômica da vítima.
Caso 10: O Teórico da Conspiração.
Comunicação Patológica: Convencimento da vítima de que “ninguém vai entender nosso amor” e que devem manter segredo, isolando a vítima de potenciais fontes de apoio e validação.
Com base nos casos apresentados, os tipos de comunicação patológica podem ser categorizados da seguinte forma:
1. Manipulação Emocional:
Lisonja e Falso Romance: Ofensores usam elogios excessivos, promessas de amor e presentes virtuais para criar uma conexão emocional rápida e intensa (Exemplos: Casos 1 e 3).
Exploração de Inseguranças: Ofensores identificam e exploram as vulnerabilidades emocionais da vítima, como solidão, baixa autoestima ou dificuldades de aceitação (Exemplo: Caso 5).
Chantagem Emocional: Ofensores ameaçam revelar segredos ou informações pessoais da vítima para forçá-la a ceder às suas exigências (Exemplos: Casos 5 e 8).
Isolamento: Ofensores tentam isolar a vítima de amigos, familiares e outras figuras de autoridade, minando a confiança da vítima em seu círculo social e tornando-a mais dependente do ofensor (Exemplos: Casos 5 e 10).
Falsa Empatia e Preocupação: Ofensores se apresentam como “mentores” ou “protetores”, oferecendo conselhos e apoio para ganhar a confiança da vítima e justificar perguntas íntimas (Exemplo: Caso 2).
2. Engano e Falsidade:
Criação de Identidades Falsas: Ofensores criam perfis online falsos, muitas vezes simulando ser adolescentes, para se aproximar das vítimas (Exemplos: Casos 1 e 7).
Normalização de Comportamentos Inapropriados: Ofensores tentam convencer a vítima de que comportamentos abusivos ou explícitos são normais ou aceitáveis, muitas vezes usando a pressão dos pares ou a desinformação (Exemplo: Caso 7).
Falsa Proteção e Paternalismo: Ofensores se apresentam como figuras protetoras ou experientes, oferecendo “orientação” para justificar o contato físico ou a troca de imagens (Exemplo: Caso 6).
3. Coerção e Intimidação:
Insistência e Invasão de Privacidade: Ofensores persistem no contato mesmo após a rejeição da vítima, enviando mensagens repetidas e criando contas falsas para contornar bloqueios (Exemplo: Caso 8).
Ameaças e Intimidação: Ofensores usam ameaças de violência, exposição pública ou outras formas de intimidação para controlar a vítima (Exemplo: Caso 8).
Objetificação e Exploração Sexual Direta: Ofensores abordam a vítima com intenções sexuais explícitas desde o início, ignorando as etapas normais de construção de confiança e respeito (Exemplo: Caso 4).
4. Exploração Material:
Oferta de Recompensas Materiais: Ofensores oferecem presentes, dinheiro ou outras recompensas em troca de fotos, vídeos ou encontros (Exemplo: Caso 9).
5. Distorção da Realidade:
Teorias da Conspiração e Desconfiança: Ofensores convencem a vítima de que figuras de autoridade (pais, professores etc.) são mal-intencionadas e que apenas o ofensor pode compreendê-la (Exemplo: Caso 10).
Senso de Urgência e Segredo: Ofensores criam um senso de urgência e a necessidade de manter a relação em segredo, impedindo que a vítima busque ajuda ou conselhos de outras pessoas (Exemplo: Caso 10).
Abaixo, segue a versão completa dos dados acima (Tabela 1 e Gráfico 1), detalhando os tipos de comunicação patológica identificados nos casos de ofensores sexuais:
Tabela 1. Tipos de Comunicação Patológica em Casos de Ofensores Sexuais

Aqui está o gráfico refletindo os tipos mais frequentes de Comunicação Patológica nos 10 casos descritos acima:

Abaixo, forneço uma análise do impacto de cada categoria de comunicação patológica:
Manipulação Emocional
Através de elogios excessivos, falsas promessas de afeto e exploração de inseguranças, o manipulador cria um vínculo afetivo intenso e dependência emocional. Isso enfraquece a capacidade da vítima de perceber sinais de abuso e buscar ajuda, mantendo o controle do comunicador abusivo sobre seu comportamento e suas emoções.
Engano e Falsidade
Ao assumir identidades falsas, normalizar comportamentos impróprios e se apresentar como protetor, o invasor mina a capacidade da vítima de avaliar corretamente a situação. Essa quebra de confiança impede que a vítima reconheça as verdadeiras intenções por trás da relação, prolongando o contato abusivo.
Coerção e Intimidação
O uso de contato persistente, invasão de privacidade, ameaças e coerção direta gera um ambiente de medo e impotência. A vítima passa a temer represálias e se sente incapaz de resistir ou denunciar o abuso, pois percebe que não possui autonomia ou segurança diante da pressão exercida.
Exploração Material
Oferecer recompensas financeiras ou presentes em troca de conteúdo sexual ou favores explora vulnerabilidades como necessidade econômica ou desejo de afeto. Essa troca percebida como “vantajosa” faz com que a vítima aceite situações que, em condições normais, não consentiria, reforçando um ciclo de exploração.
Distorção da Realidade
A promoção de teorias conspiratórias, criação de senso de urgência e exigência de sigilo isolam a vítima de fontes externas de apoio. Sob esse contexto, ela passa a duvidar de seus próprios critérios de julgamento, dificultando o reconhecimento do abuso e a busca por auxílio externo.
Cada categoria atua para fragilizar os mecanismos de defesa da vítima — seja emocional, cognitivo ou social — e reforçar o poder de controle do abusador. Compreender essas dinâmicas é essencial para desenvolver estratégias de prevenção, detecção precoce e intervenção eficaz.
Discussão
A análise apresentada neste artigo revela a complexidade e a gravidade da comunicação patológica utilizada por agressores sexuais online, destacando como essas estratégias são meticulosamente planejadas para manipular, isolar e controlar vítimas vulneráveis, especialmente crianças e adolescentes. A discussão aqui proposta busca aprofundar os aspectos teóricos e práticos dessas dinâmicas, explorando suas implicações para a prevenção, a intervenção e o desenvolvimento de políticas públicas eficazes.
A comunicação patológica, como descrita no artigo, não é um fenômeno isolado, mas sim um processo sistemático que se aproveita de teorias implícitas distorcidas e de mecanismos psicológicos para corroer a autonomia e a percepção da vítima. Os agressores utilizam técnicas como o grooming, que envolve a construção gradual de confiança, a introdução de conteúdo sexual de forma sutil e a normalização de comportamentos abusivos. Essas estratégias são adaptadas ao ambiente digital, onde o anonimato e a mediação tecnológica facilitam a manipulação e dificultam a identificação precoce de riscos. O estudo de Mikkelsen et al. (2020) demonstra como os agressores ajustam sua linguagem e abordagem conforme o perfil da vítima, evidenciando a natureza adaptativa e calculista dessas práticas.
Um dos pontos mais críticos discutidos no artigo é a diversidade de perfis de agressores, como categorizados por Tener et al. (2015). Desde o “Manipulador Calculista”, que cria identidades falsas e utiliza linguagem sofisticada, até o “Focado em Sexo”, que adota uma abordagem direta e explícita, cada perfil exige intervenções específicas. Essa heterogeneidade desafia estereótipos simplistas e reforça a necessidade de estratégias multifacetadas para combater o problema. Por exemplo, enquanto agressores “experts” podem exigir ferramentas tecnológicas avançadas para detecção de padrões de grooming, agressores “focados em afeto” podem demandar campanhas educacionais que alertem adolescentes sobre os riscos de relacionamentos online com adultos.
As distorções cognitivas dos agressores, como a crença de que a vítima é um participante consentido ou a negação do dano causado, desempenham um papel central na perpetuação desses crimes. Essas crenças não apenas justificam as ações dos agressores, mas também dificultam a sua reabilitação, pois muitos resistem a reconhecer a gravidade dos seus comportamentos. A terapia cognitivo-comportamental, mencionada no artigo como uma abordagem eficaz, pode ajudar a confrontar essas distorções, mas a sua implementação requer profissionais capacitados e recursos adequados.
O impacto da comunicação patológica nas vítimas é profundo e multifacetado. A manipulação emocional, como elogios excessivos e falsas promessas de amor, cria uma dependência psicológica que mina a capacidade da vítima de perceber o abuso. Técnicas como o gaslighting exacerbam esse efeito, fazendo com que a vítima duvide de sua própria percepção da realidade. Além disso, o isolamento social promovido pelos agressores impede que as vítimas busquem ajuda, perpetuando ciclos de abuso e silêncio. Esses efeitos destacam a importância de canais seguros para denúncia e apoio psicológico, bem como a necessidade de educar crianças e adolescentes sobre os riscos online.
O ambiente digital, com suas particularidades, apresenta desafios únicos. A velocidade e o alcance da comunicação online permitem que os agressores estabeleçam contato rápido e mantenham múltiplas interações simultaneamente. Plataformas como redes sociais e jogos online, embora ofereçam oportunidades de socialização, também se tornam espaços vulneráveis à exploração. A pesquisa de Black et al. (2015) revela que agressores introduzem temas sexuais já nas primeiras interações, acelerando o processo de grooming em comparação com ambientes presenciais. Isso exige que as plataformas digitais adotem medidas proativas, como algoritmos de detecção precoce e políticas claras de moderação de conteúdo.
As implicações para políticas públicas são claras: é essencial desenvolver legislações robustas que responsabilizem agressores e protejam vítimas, além de investir em educação digital para crianças, adolescentes e seus cuidadores. Programas escolares que abordem segurança online e saúde emocional podem empoderar jovens a reconhecer e evitar situações de risco. Paralelamente, profissionais que trabalham com crianças, como professores e psicólogos, devem receber treinamento para identificar sinais de grooming e oferecer suporte adequado.
Por fim, o artigo ressalta a importância de pesquisas contínuas para entender a evolução dessas estratégias de comunicação patológica em resposta às mudanças tecnológicas e culturais. Estudos futuros poderiam explorar, por exemplo, o impacto de novas plataformas ou ferramentas de comunicação no comportamento dos agressores, bem como a eficácia de diferentes intervenções terapêuticas e preventivas.
Em síntese, a comunicação patológica dos agressores sexuais online é um fenômeno complexo que exige uma resposta igualmente complexa e coordenada. Combater esse problema requer a colaboração entre pesquisadores, profissionais da saúde, educadores, legisladores e a sociedade como um todo. Somente através de esforços integrados será possível proteger crianças e adolescentes, promover relações saudáveis e criar um ambiente digital mais seguro.
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Médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foi Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC durante 26 anos. Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC por 20 anos, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) durante 18 anos e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex) durante 22 anos. Tem correntemente experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade.

