Cogumelos alucinógenos: saiba um pouco sobre eles

alucinógenos

Entre os cogumelos alucinógenos destacam-se os do gênero Psilocybe, Panaeolus Pluteus e eles produzem efeitos semelhantes aos do LSD

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“Fui com um amigo em um pasto e comemos bastantes cogumelos com leite condensado: aqueles alaranjados com o anel preto. Em seguida, fomos em um bar e eu pedi uma dose de Whisky, tomei um copo cheio direto e ela desceu fácil, pois não senti o gosto. Depois fomos assistir a DVDs de rock, comecei a sentir meu estômago embrulhar e comecei a suar frio, parei de ver o vídeo e comecei a andar respirando fundo e fui melhorando.”

Resposta

Os fungos podem ser vistos em diferentes ambientes e são importantes ecologicamente e economicamente, embora alguns possam provocar doenças. Os fungos são classificados em diferentes filos e os cogumelos pertencem ao filo Basidiomycota.

Há cerca de 31.515 espécies de fungos do filo Basidiomycota registrados e cerca de 1.000 espécies de cogumelos. Dentre os cogumelos registrados, cerca de 200 são conhecidos por suas propriedades alucinógenas.

Dentre os cogumelos mais conhecidos por todos nós, estão os do tipo “orelhas de pau” e aqueles comestíveis, como o shimeji (Pleurotus sp.) e o shiitake (Lentinula edodes).

 

Cogumelos alucinógenos

Cogumelos alucinógenos produzem alterações sensoriais e perceptivas semelhantemente aos sintomas causados pelo LSD 

Dentre os cogumelos com propriedades alucinógenas, destacam-se os do gênero PsilocybePanaeolus e Pluteus, que contêm alcaloides indólicos derivados do aminoácido triptofano e conhecidos como psilocibina e psilocina.

Estes alcaloides indólicos produzem efeitos notáveis em seres humanos, como alterações sensoriais e perceptivas, semelhantemente aos sintomas causados por substâncias como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico).

 

Principais sintomas dos cogumelos alucinógenos

Os principais sintomas causados por tais cogumelos alucinógenos têm sido assim reportados:

    1. alterações do pensamento;
    2. sinestesia (mudanças perceptivas);
    3. confusão mental;
    4. desorientação;
    5. comportamento inapropriado;
    6. relaxamento muscular;
    7. taquicardia;
    8. dor abdominal;
    9. vômitos e diarreia.

Embora a experiência contada a seguir não tenha sido com o uso da psilocina, e sim com a mescalina, um outro alucinógeno derivado do cactus Peyote, vale a pena a leitura:

No auge da minha experiência alucinógena, brinquei com um cachorro que morava na casa em que se realizou a sessão de peyote (mescalina) … O mundo das coisas comuns não existia e a gente não podia fiar-se em nada. O cão não era realmente um cão e sim a encarnação de mescalito … Os efeitos posteriores daquela experiência foram uma sensação geral de fadiga e melancolia mais a incidência de sonhos e de pesadelos excepcionalmente vívidos” (Carlos Castaneda, “Viagem a Ixtlan”).

A intoxicação pode ser letal. Os sintomas se iniciam após 20 ou 30 minutos da ingestão, com o pico em duas horas, quedando três ou quatro horas depois. Outrossim, a substância pode ser detectada no organismo após uma semana da ingestão.

O uso recreativo da psilocibina geralmente envolve doses entre 1 e 5 gramas de cogumelos secos. Para cogumelos frescos, a dose é cerca de 10 vezes maior. O material pode ser comido, fervido em água para fazer chá, ou mesmo cozido com alimentos.

A psilocibina é uma substância proibida para comercialização tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos da América e na Europa.

No entanto, a Medicina tem demonstrado interesse nos alucinógenos naturais e sintéticos ao longo do tempo. Em 1960, por exemplo, a molécula da psilocibina foi sintetizada e comercializada pela Sandozâ com propostas psicoterapêuticas. No presente momento, não existem indicações médicas aprovadas para o uso das substâncias derivadas dos cogumelos alucinógenos, apesar de pesquisas com a psilocibina e outros alucinógenos estarem vicejando.

Nos últimos anos, um crescente número de estudos com humanos voluntários tem investigado e explorado os possíveis efeitos benéficos de diferentes alucinógenos, como a psilocibina, o LSD, o MDMA (metileno-dioxi-metanfetamina), a ibogaína e a ketamina. Tais estudos estão buscando novas opções para o tratamento de alguns transtornos psiquiátricos refratários aos tratamentos convencionais em quadros como Transtorno Depressivo Recorrente, Transtorno do Estresse Pós-Traumático, Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias Psicoativas, dentre outros.

Com relação à psilocibina, temos que considerar que o seu derivado ativo, a psilocina, exerce ações agonistas em receptores serotoninérgicos, em especial os tipos 5-HT1A e 5-HT2A/C. Também, a psilocina aumenta indiretamente a atividade dopaminérgica em regiões centrais do cérebro. Vários outros sistemas de neurotransmissores têm sido implicados como mecanismo de ação da psilocina.

Como tenho reiteradamente afirmado neste site Vya Estelar, nenhuma droga é boa ou má por si só. Daí a necessidade de diferenciarmos o joio do trigo, ou seja, encontrar efeitos benéficos em terrenos aparentemente árduos e inférteis.

 

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