O exibicionismo como um transtorno foi descrito pela primeira vez em uma revista científica em 1877 por um médico francês Charles Lasègue (1809-1883). Apesar disso, a história tem mostrado figuras talhadas em pedras do exibicionismo feminino; por exemplo, as Sheelas, esculturas figurativas de mulheres nuas exibindo uma vulva exagerada, encontradas em igrejas, castelos e outros edifícios, especialmente na Irlanda e na Grã-Bretanha datadas do século XII. Entre as explicações para essas esculturas, é que elas serviriam como uma advertência religiosa contra os pecados da carne. Isso é possível que tais esculturas tenham sido influenciadas por casos de mulheres exibicionistas ocorridos naquela época.
Assassino em série americano Jeffrey Dahmer (1960–1994) exibiu muitas parafilias simultaneamente, sendo o exibicionismo uma delas.
Mas apenas em 1950, o exibicionismo foi definido como “o ato de expor o órgão sexual em público para a satisfação da lascívia do expositor”.
Embora o exibicionismo não seja um fenômeno novo, não foi incluído no Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais [DSM] até o ano de 1980. Desde então, a definição clínica do transtorno exibicionista permaneceu relativamente inalterada e cai na categoria dos transtornos parafílicos junto com outros, tais como o voyeurismo, o fetichismo, o frötteurismo, o sadismo sexual, a pedofilia, dentre outros.
O exibicionismo, quando praticado, é também considerado um crime sexual, portanto ilegal (Ato Obsceno). O ato de expor em um contexto público ou semipúblico aquelas partes do corpo que normalmente não são expostas (órgãos genitais) com objetivos de gratificação sexual provoca um ultraje ao pudor público.
A prática pode surgir de um desejo/impulso incontrolável para expor as partes íntimas para estranhos com o objetivo da satisfação da lascívia.
Apesar das indicações de que os atos de exibicionismo são eventos frequentes, esta parafilia somente tem recebido mais atenção médica e de pesquisadores nos últimos anos.
Médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente é Professor Assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex). Tem experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade.