Introdução
A compreensão da epidemiologia e das características dos adolescentes que cometem homicídios sexuais é um tema de relevância no campo da criminologia, especialmente devido à gravidade desses crimes e às implicações para políticas de justiça criminal e prevenção. Embora os homicídios sexuais juvenis representem uma pequena fração dos homicídios perpetrados por menores, suas características distintas e os fatores de risco associados merecem uma análise detalhada (Norair Khachatryan, 2022).
Os adolescentes assassinos sexuais são uma subcategoria específica de jovens homicidas, caracterizados por cometerem homicídios que envolvem motivações ou atos sexuais. Embora a literatura sobre homicídios juvenis em geral seja vasta, os homicídios sexuais são menos frequentes, o que torna os estudos específicos sobre essa população mais escassos. De acordo com Khachatryan (2022), os homicídios sexuais juvenis frequentemente envolvem um perfil de ofensores que se diferencia de outros jovens homicidas, especialmente no que diz respeito às dinâmicas psicológicas e às circunstâncias do crime. Esses adolescentes são predominantemente do sexo masculino, refletindo a tendência geral observada em crimes violentos, onde mais de 90% dos jovens presos por homicídio nos Estados Unidos entre 1976 e 2005 eram homens (Heide & Solomon, 2009, citado em Khachatryan, 2022). A predominância masculina pode ser atribuída a fatores culturais, como a socialização em subculturas que promovem a violência como expressão da masculinidade, além da maior participação de homens jovens em atividades criminosas de alto risco, como o tráfico de drogas, que podem escalonar para outros crimes violentos (Anderson, 1999, citado em Khachatryan, 2022).
No que tange à idade, os adolescentes que cometem homicídios sexuais tendem a ser mais velhos, situando-se na faixa de 15 a 17 anos, o que está alinhado com a maioria dos jovens homicidas em geral (Darby et al., 1998, citado em Khachatryan, 2022). Essa faixa etária é marcada por maior envolvimento em estilos de vida criminosos e pressões de pares antissociais, que podem exacerbar comportamentos violentos, incluindo aqueles de natureza sexual. A raça também desempenha um papel significativo na epidemiologia desses ofensores, com uma sobrerrepresentação de jovens afro-americanos, que compõem cerca de 55% dos jovens presos por homicídio nos Estados Unidos entre 1976 e 2012, apesar de representarem apenas 14% da população juvenil (Heide et al., 2020, citado em Khachatryan, 2022). Essa disparidade racial é parcialmente explicada por fatores socioeconômicos, como a maior probabilidade de jovens afro-americanos crescerem em bairros economicamente desfavorecidos, onde a violência, o acesso a armas de fogo e a adesão a códigos de rua que valorizam a confrontação são prevalentes (Anderson, 2000, citado em Khachatryan, 2022).
As circunstâncias dos homicídios sexuais juvenis frequentemente envolvem vítimas que são estranhas ou conhecidas casuais, o que difere de outros tipos de homicídios juvenis, como os parricídios, que envolvem familiares. Segundo Khachatryan (2022), cerca de 79% dos homicídios cometidos por jovens entre 1976 e 2005 envolveram vítimas conhecidas (34%) ou estranhas (35%), com os homicídios sexuais tendendo a se inclinar mais para vítimas estranhas, possivelmente devido à natureza oportunística ou predatória desses crimes. A escolha de armas nos homicídios sexuais juvenis varia, mas o uso de armas de fogo é predominante nos Estados Unidos, sendo empregadas em cerca de 60% dos homicídios juvenis entre 1976 e 1985, com um aumento para quase 70% entre 1997 e 2007 (Blumstein, 1995; Heide, 2015, citados em Khachatryan, 2022). Contudo, em homicídios sexuais, métodos como estrangulamento ou uso de armas brancas (ou quaisquer instrumentos disponíveis no momento do fato que possam servir de arma) podem ser mais comuns devido à proximidade física requerida pelo componente sexual do crime, embora os dados específicos sobre isso sejam limitados.
Os fatores de risco para homicídios sexuais juvenis incluem uma combinação de influências familiares, psicológicas e comportamentais. Ambientes familiares disfuncionais, marcados por abuso físico, sexual ou psicológico, negligência e exposição à violência, são comuns entre esses ofensores. Heide (1999, citado em Khachatryan, 2022) destaca que o aumento de relatos de abuso infantil nos Estados Unidos entre as décadas de 1970 e 1990 pode ter contribuído para o pico de violência juvenil, incluindo homicídios, na década de 1980. O abuso crônico na infância pode levar a déficits no desenvolvimento cerebral, prejudicando a regulação emocional, o controle de impulsos e a empatia, fatores que aumentam a probabilidade de comportamentos violentos, incluindo aqueles de cunho sexual (Heide & Solomon, 2006, citado em Khachatryan, 2022). Além disso, a exposição à violência no bairro, especialmente em áreas urbanas de baixa renda, reforça a normalização da violência como meio de resolução de conflitos ou expressão de poder, o que pode se manifestar em crimes sexuais violentos (Heide, 1999, citado em Khachatryan, 2022).
No âmbito psicológico, os adolescentes assassinos sexuais frequentemente apresentam transtorno de conduta, um precursor juvenil do transtorno de personalidade antissocial, caracterizado por violações persistentes dos direitos alheios (Myers et al., 1995, citado em Khachatryan, 2022). Alguns estudos também sugerem a presença de sintomas psicóticos, como ideação paranoide, embora a psicose grave seja rara entre jovens homicidas (Lewis et al., 1985; Myers & Scott, 1998, citados em Khachatryan, 2022). A baixa autoestima e a intolerância à frustração são características pessoais que podem levar esses jovens a buscar validação ou controle por meio de atos violentos, incluindo os de natureza sexual (Heide, 1999, citado em Khachatryan, 2022). Comportamentalmente, esses adolescentes frequentemente apresentam históricos de violência prévia, problemas escolares, como evasão ou suspensões, e abuso de substâncias, que diminuem a capacidade de tomada de decisão e aumentam a propensão a comportamentos de risco (Darby et al., 1998; Roe-Sepowitz, 2009, citados em Khachatryan, 2022). O porte de armas e a afiliação a gangues também são fatores de risco significativos, pois amplificam a probabilidade de escaladas violentas, incluindo homicídios com motivação sexual (Farrington et al., 2012, citado em Khachatryan, 2022).
A reincidência entre adolescentes assassinos sexuais é uma preocupação central, dado o impacto de decisões judiciais recentes, como Roper v. Simmons (2005) e Miller v. Alabama (2012), que aumentaram a probabilidade de liberação desses ofensores. Khachatryan (2022) destaca que estudos prévios indicam que a maioria dos jovens homicidas liberados de instituições correcionais reincide, com muitos cometendo novos crimes violentos, incluindo homicídios (Khachatryan et al., 2016, citado em Khachatryan, 2022). No contexto de homicídios sexuais, a reincidência pode ser influenciada por fatores pós-liberação, como o retorno a bairros de origem, associação com pares criminosos e falta de emprego estável. O estudo de Khachatryan (2022) revelou que fatores como retornar ao bairro antigo e manter contato com amigos pré-encarceramento estão significativamente correlacionados com maior frequência de reincidência geral e violenta. Por outro lado, a obtenção de educação pós-liberação e a participação em programas de reintegração prisional mostraram-se associados à desistência criminal, sugerindo que intervenções focadas em habilidades laborais e suporte social podem mitigar o risco de reincidência.
As análises qualitativas do estudo de Khachatryan (2022) também oferecem insights sobre as trajetórias de vida desses ofensores. Entre os desistentes, fatores como evitar o bairro de origem, manter relacionamentos íntimos positivos, obter emprego estável e exercer agência humana foram cruciais para a cessação do comportamento criminal. Em contrapartida, os ofensores persistentes frequentemente enfrentavam barreiras como abuso de substâncias, fatalismo, problemas de controle de raiva e associação com pares criminosos, que perpetuavam suas trajetórias delitivas. Essas descobertas reforçam a relevância da teoria de controle social informal de Sampson e Laub (1993, 2003, citada em Khachatryan, 2022), que sugere que laços sociais fortes, como emprego e relacionamentos, podem atuar como pontos de virada na vida de ofensores, embora o estudo tenha encontrado apoio apenas parcial para essa teoria no contexto de jovens homicidas sexuais.
Apesar dos avanços proporcionados pelo estudo, algumas limitações devem ser consideradas. A amostra utilizada por Khachatryan (2022) é composta exclusivamente por homens de um único estado dos Estados Unidos, o que restringe a generalização dos resultados para mulheres ou para contextos geográficos diversos. Além disso, o tamanho reduzido da amostra (22 indivíduos) limitou a aplicação de análises estatísticas mais robustas, como modelos multivariados, que poderiam esclarecer melhor as interações entre os fatores de risco e proteção. Pesquisas futuras devem buscar amostras maiores e mais diversificadas, incluindo mulheres, para explorar se os mesmos fatores de desistência e persistência se aplicam a elas. Além disso, estudos longitudinais que acompanhem esses ofensores por períodos ainda mais longos podem oferecer uma visão mais completa de suas trajetórias criminais e possibilidades de recuperação.
Em termos de implicações práticas, os resultados do estudo sugerem a necessidade de políticas de reintegração que priorizem a realocação de jovens homicidas para novos bairros, longe de influências criminosas, e a implementação de programas que desenvolvam habilidades profissionais e promovam a educação. A terapia cognitivo-comportamental também pode ser uma ferramenta valiosa para abordar problemas de raiva e fatalismo, que contribuem para a persistência criminal. Em última análise, a compreensão das características e trajetórias dos adolescentes assassinos sexuais não apenas enriquece o conhecimento criminológico, mas também orienta a formulação de estratégias preventivas e reabilitativas que podem reduzir o impacto desses crimes na sociedade.
Jovens que Assassinam e Estupram. Por quê?
A violência cometida por jovens, especialmente crimes graves como assassinatos e estupros, é um fenômeno abstruso que desafia a compreensão da sociedade e dos especialistas em criminologia, psicologia e sociologia. A questão central que emerge é: por que alguns jovens se envolvem em comportamentos tão extremos? Para responder a essa pergunta, é necessário considerar uma combinação de fatores psicológicos, sociais, biológicos e ambientais que interagem de maneiras variadas, moldando o comportamento desses indivíduos.
Do ponto de vista psicológico, muitos jovens que cometem crimes violentos apresentam históricos marcados por traumas profundos, como abuso físico, sexual ou emocional durante a infância (Heide, 2021). Essas experiências podem levar ao desenvolvimento de transtornos de personalidade, como psicopatia ou transtorno de conduta, que são frequentemente associados à falta de empatia e à impulsividade. Além disso, o uso de substâncias psicoativas, como álcool e drogas, pode agravar esses traços, reduzindo ainda mais a capacidade de controle dos impulsos e aumentando a propensão para a violência (National Institute of Drug Abuse, 2004). A imaturidade do cérebro adolescente, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do córtex pré-frontal — região responsável pelo julgamento e tomada de decisões — também desempenha um papel significativo nesse contexto (Scott et al., 2018).
No âmbito sociológico, a influência do ambiente em que o jovem está inserido é crucial. Jovens que crescem em comunidades marcadas pela pobreza, violência estrutural e falta de oportunidades educacionais e profissionais estão mais propensos a se envolver em atividades criminosas (Anderson, 1999). A ausência de figuras paternas ou maternas positivas, a exposição a modelos criminosos dentro da família ou do grupo de pares e a normalização da violência como meio de resolução de conflitos são fatores que contribuem para a internalização de valores distorcidos (Heide, 2021). A pressão dos pares e a busca por aceitação em gangues ou grupos delinquentes também podem levar jovens a cometer crimes graves, como assassinatos e estupros, como forma de demonstrar lealdade ou adquirir status (Miller, 1958).
A teoria da tensão (strain theory) de Merton (1938) sugere que a discrepância entre as metas culturalmente valorizadas e os meios legítimos disponíveis para alcançá-las pode levar à frustração e, consequentemente, ao comportamento criminoso. Jovens que percebem a violência como a única forma de obter respeito, poder ou recursos materiais podem recorrer a crimes extremos como uma solução imediata para suas carências. Além disso, a exposição precoce à violência doméstica ou comunitária pode dessensibilizar o jovem, fazendo com ele normalize a agressão e a utilize como ferramenta para lidar com conflitos (Garbarino, 2018).
A interseção entre fatores psicológicos e sociológicos é evidente em casos de jovens que cometem crimes sexuais. Muitos desses indivíduos têm históricos de abuso sexual na infância, o que pode distorcer sua compreensão sobre consentimento e relações interpessoais (Khachatryan et al., 2016). A falta de educação sexual adequada e a exposição a conteúdos violentos ou pornográficos em idades precoces também podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos sexualmente agressivos. Em alguns casos, o estupro é utilizado como uma forma de exercer poder e dominação, especialmente em contextos em que o jovem se sente impotente ou marginalizado (Roe-Sepowitz, 2007).
As implicações desses achados são profundas para políticas públicas e intervenções. Programas de prevenção devem focar no fortalecimento de vínculos familiares, no acesso à educação de qualidade e no oferecimento de suporte psicológico para jovens em situação de risco. Intervenções baseadas em evidências, como treinamento em habilidades sociais e gestão de emoções, podem ajudar a reduzir a impulsividade e a agressividade (Goldstein & Glick, 1987). Além disso, é essencial combater a cultura da violência por meio de campanhas educativas e da promoção de modelos positivos de masculinidade e resolução pacífica de conflitos.
Os crimes de assassinato e estupro cometidos por jovens não podem ser atribuídos a uma única causa. Eles são o resultado de uma complexa interação entre vulnerabilidades individuais, experiências traumáticas, condições sociais adversas e problemas de personalidade. Compreender essa dinâmica é o primeiro passo para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e reabilitação, oferecendo a esses jovens a oportunidade de romper com ciclos de violência e reconstruir suas vidas de maneira benéfica para todos.
Adolescentes Assassinos Sexuais e o Sadismo Sexual: Uma Associação Gritante
A violência sexual associada a homicídios cometidos por adolescentes, como já repisado, é um fenômeno raro, mas profundamente perturbador, que desafia a compreensão da psicopatologia, da criminologia e da sociedade como um todo. Entre os fatores que emergem como centrais nesses casos, o sadismo sexual destaca-se como uma característica gritante, frequentemente presente em jovens que cometem crimes sexuais letais. Estudos internacionais, como o de Myers et al. (2023), revelam que dois terços dos adolescentes envolvidos em homicídios sexuais em série atendem aos critérios diagnósticos para transtorno de sadismo sexual, uma parafilia marcada pela excitação sexual derivada do sofrimento físico ou psicológico da vítima. Essa associação não apenas lança luz sobre a gravidade desses crimes, mas também sobre a complexidade dos fatores psicológicos, biológicos e sociais que os impulsionam. É importante ressaltar que os fatores sociais precários per si não explicam crimes tão ultrajantes!!! Essencial é a consideração contundente dos fatores psiquiátricos.
Do ponto de vista psicológico, muitos desses adolescentes exibem históricos repletos de transtornos de conduta, fantasias sádicas persistentes e uma notável falta de empatia afetiva e cognitiva. Myers et al. (2023) identificaram que 95% dos jovens assassinos sexuais em sua amostra internacional apresentavam transtorno de conduta, enquanto 67% foram diagnosticados com sadismo sexual. Esses jovens frequentemente relatam fantasias violentas que se iniciam na puberdade e se intensificam com o tempo, culminando em atos selvagens. Por exemplo, alguns descrevem prazer em observar o sofrimento alheio, como no caso de um adolescente que deixou uma nota junto ao corpo de uma vítima dizendo: “É um prazer para mim ver pessoas morrerem” (Myers et al., 2023). Essas fantasias, quando não contidas, podem evoluir para comportamentos criminosos, especialmente em indivíduos com traços psicopáticos, como frieza emocional, manipulação, irresponsabilidade, charme superficial, mentiras constantes.
O ambiente familiar e social também desempenha um papel crítico na formação desses jovens. É verdade que a maioria dos adolescentes assassinos sexuais cresce em lares disfuncionais, marcados por abandono, abuso físico ou emocional e ausência de figuras paternas estáveis (Myers et al., 2023). Essa desestruturação familiar, combinada com a exposição precoce à violência, pode contribuir para a internalização de comportamentos agressivos e a incapacidade de desenvolver vínculos afetivos saudáveis. Além disso, muitos desses jovens têm histórico de problemas escolares graves, como evasão e dificuldades de aprendizagem, o que os marginaliza ainda mais e os afasta de oportunidades de reintegração social. Curiosamente, ao contrário do que se poderia supor, a maioria desses adolescentes possui QI médio ou acima da média, indicando que a inteligência não é uma barreira para o desenvolvimento de comportamentos violentos quando outros fatores de risco estão presentes.
Os métodos utilizados por esses adolescentes durante os crimes revelam uma crueldade calculada e, muitas vezes, ritualística; todavia, raramente perfeita. Estrangulamento, esfaqueamento e mutilações genitais são comuns, assim como atos necrofílicos e piquerismo (excitação sexual ao perfurar repetidamente a pele da vítima). Em alguns casos, os corpos são dispostos de maneira a prolongar o controle simbólico sobre a vítima, como no exemplo de um jovem que decapitou uma criança e colocou sua cabeça em exibição pública (Myers et al., 2023). Esses comportamentos não apenas refletem o sadismo sexual, mas também uma busca por poder e dominação, elementos centrais na dinâmica psicológica desses criminosos.
Apesar da raridade desses casos, as implicações para o sistema de justiça e a saúde mental são profundas. Muitos desses adolescentes são sentenciados a prisão perpétua ou institucionalização nos Estados Unidos da América e em outros países civilizados, mas a questão do seu potencial para reabilitação permanece controversa. Alguns especialistas argumentam que intervenções precoces, focadas no tratamento de transtornos de conduta e parafilias, poderiam reduzir o risco de reincidência. No entanto, a natureza egossintônica do sadismo sexual — ou seja, a aceitação e o prazer derivado desses comportamentos — torna o tratamento extremamente desafiador. Além disso, a falta de estudos longitudinais sobre a eficácia das terapias disponíveis limita a capacidade de prever resultados positivos.
A associação entre adolescentes assassinos sexuais e o sadismo sexual é um fenômeno complexo e multifacetado, enraizado em vulnerabilidades psicológicas, experiências traumáticas e contextos sociais adversos. Embora esses casos sejam raros, sua gravidade exige uma abordagem interdisciplinar que combine insights da psiquiatria, da psicologia, da criminologia e da justiça juvenil. Pesquisas correntes têm explorado não apenas os mecanismos subjacentes a esses crimes, mas também estratégias de prevenção e intervenção que possam mitigar o sofrimento das vítimas e, potencialmente, redirecionar a trajetória desses jovens antes que seja tarde demais.
Além do Sadismo Sexual: A Complexidade Psicológica dos Adolescentes Assassinos Sexuais
A violência sexual associada a homicídios cometidos por adolescentes é um fenômeno que vai muito além do sadismo sexual, envolvendo uma intrincada rede de fatores psicológicos, sociais e biológicos. Embora o sadismo sexual seja frequentemente destacado como uma característica central nesses crimes, estudos como o de Myers e Blashfield (1997) revelam que esses jovens apresentam uma gama mais ampla de psicopatologias, incluindo transtornos de personalidade, histórico de abuso infantil e psicopatia. Esses elementos combinados criam um perfil complexo que desafia explicações simplistas e exige uma abordagem multidimensional para sua compreensão.
Do ponto de vista psicológico, a maioria desses adolescentes exibe transtornos de conduta, como evidenciado pela pesquisa de Myers e Blashfield (1997), onde 86% dos jovens estudados atendiam aos critérios para esse diagnóstico. Além disso, muitos apresentavam traços de personalidade associados ao espectro esquizoide e esquizotípico, marcados por isolamento social, pensamentos excêntricos e dificuldades em estabelecer relações interpessoais saudáveis. Essas características sugerem que a violência sexual e homicida pode ser, em parte, uma manifestação de uma profunda desconexão emocional e social, e não apenas uma expressão de prazer derivado do sofrimento alheio.
O ambiente familiar desses jovens também desempenha um papel crítico. Como repisado anteriormente, a maioria cresceu em lares caóticos, marcados por abandono, violência doméstica e abuso físico ou emocional (Myers & Blashfield, 1997). Essas experiências traumáticas na infância podem levar ao desenvolvimento de mecanismos de coping disfuncionais, como a externalização da raiva e a desvalorização da vida alheia. Além disso, a ausência de figuras paternas estáveis e a exposição precoce a comportamentos antissociais contribuem para a formação de uma visão distorcida das relações humanas, onde a violência é normalizada e até mesmo glorificada.
Outro aspecto relevante é a presença de fantasias violentas, que antecedem os crimes em muitos casos. Myers e Blashfield (1997) constataram que dois terços dos jovens entrevistados relatavam ter fantasias sexuais violentas antes de cometerem seus crimes. Essas fantasias, muitas vezes alimentadas por uma combinação de isolamento social e consumo de conteúdo violento (pornografia pela Internet), podem servir como um ensaio mental para os atos criminosos, reforçando a ideia de que a violência é uma forma válida de obter poder e controle. No entanto, é importante destacar que nem todos os adolescentes com fantasias violentas as colocam em prática, o que sugere que outros fatores, como a impulsividade motora e de planejamento e a falta de empatia, também são determinantes.
A questão da psicopatia também merece atenção. Embora nem todos os jovens assassinos sexuais atendam aos critérios completos para psicopatia, muitos exibem traços psicopáticos moderados, principalmente falta de remorso e manipulação emocional (Myers & Blashfield, 1997). Esses traços, quando combinados com um histórico de comportamento antissocial, aumentam significativamente o risco de reincidência, especialmente se não forem abordados por intervenções terapêuticas adequadas.
No âmbito social, a marginalização e o fracasso escolar são fatores recorrentes. A maioria desses jovens tem histórico de problemas acadêmicos, incluindo evasão escolar, suspensões e dificuldades de aprendizagem (Myers & Blashfield, 1997). Essas dificuldades, muitas vezes agravadas por um sistema educacional que não consegue lidar com suas necessidades emocionais e comportamentais (além de não conseguir impor limites) podem levar a um ciclo de frustração e alienação, onde o crime surge como uma forma de obter reconhecimento e poder.
A violência sexual e homicida cometida por adolescentes é um fenômeno multivariado, que não pode ser reduzido apenas ao sadismo sexual. Fatores psicológicos, como transtornos de personalidade e fantasias violentas, combinam-se com experiências traumáticas na infância e marginalização social para criar um cenário propício a crimes extremos. Para enfrentar esse desafio, são necessárias intervenções precoces que abordem não apenas os sintomas psicopatológicos, mas também as condições sociais e familiares que os alimentam. Além disso, é essencial desenvolver estratégias de prevenção que incluam apoio psicológico, educação emocional e reinserção social, a fim de romper o ciclo de violência antes que ele se consolide. Tudo muito bonito na teoria… na prática, as coisas tendem a ser bem diferentes.
Modus Operandi e Adolescentes Agressores Sexuais
O estudo do modus operandi de adolescentes assassinos sexuais é um tema sensível, que exige uma abordagem interdisciplinar envolvendo psicologia, psiquiatria, criminologia e sociologia. O modus operandi, entendido como o padrão de comportamento ou método utilizado por um indivíduo para cometer um crime, revela não apenas as características práticas da execução do ato, mas também aspectos psicológicos, sociais e culturais que moldam o comportamento do agressor. No caso de adolescentes que cometem assassinatos com motivação sexual, o modus operandi pode ser influenciado por uma combinação de fatores desenvolvimentais, traumas, dinâmicas familiares disfuncionais e exposição a estímulos violentos ou sexualizados, frequentemente agravados por transtornos psiquiátricos ou problemas de regulação emocional.
Adolescentes assassinos sexuais frequentemente apresentam um padrão de comportamento que reflete impulsividade, falta de planejamento detalhado e uma busca por gratificação imediata, características que diferem, em certa medida, dos padrões observados em adultos com comportamento semelhante. Segundo Ressler, Burgess e Douglas (1988), o modus operandi de criminosos sexuais tende a evoluir com a experiência, mas em adolescentes, a imaturidade emocional e cognitiva pode levar a ações mais erráticas e menos estruturadas. Por exemplo, o jovem pode escolher vítimas com base em oportunidade, como pessoas próximas ou vulneráveis em seu círculo social, em vez de seguir um processo de seleção meticuloso. A violência sexual, nesse contexto, muitas vezes serve como uma expressão de poder, controle ou raiva, mais do que uma busca por satisfação sexual pura. Estudos como o de Myers (2002) destacam que adolescentes que cometem homicídios sexuais frequentemente têm históricos de abuso físico ou sexual na infância, o que pode distorcer sua percepção de relacionamentos e sexualidade, levando a comportamentos extremos.
Um aspecto crucial do modus operandi desses adolescentes é a forma como eles abordam e controlam suas vítimas. Diferentemente de adultos, que podem usar estratégias sofisticadas de manipulação ou coerção, adolescentes tendem a recorrer à força bruta ou a ameaças diretas, refletindo sua falta de habilidade em dissimulação. De acordo com Heide (1999), muitos jovens assassinos sexuais exibem traços de transtornos de personalidade, como traços narcisistas ou antissociais, que se manifestam em uma incapacidade de empatia pela vítima. A escolha do local do crime também é significativa: adolescentes frequentemente agem em ambientes familiares, como a própria casa, a casa da vítima ou áreas isoladas próximas, devido à sua limitada mobilidade e recursos.
Outro elemento relevante é a influência do contexto sociocultural e da mídia no modus operandi. A exposição a conteúdos violentos ou pornográficos, especialmente em um período de formação da identidade, pode dessensibilizar o adolescente em relação à violência e normalizar comportamentos sexuais agressivos. Conforme apontado por Meloy (2000), a interação entre fatores ambientais e predisposições psicológicas pode amplificar impulsos violentos, especialmente em jovens com baixa autoestima ou dificuldades em estabelecer vínculos saudáveis. A Internet, em particular, desempenha um papel ambíguo: enquanto oferece acesso a comunidades de apoio, também expõe jovens vulneráveis a conteúdos que glorificam a violência ou reforçam fantasias sexuais disfuncionais. Casos reais, como os analisados por Hickey (2015), mostram que adolescentes assassinos sexuais frequentemente consomem materiais que alimentam suas obsessões antes de agir, o que pode moldar tanto a escolha da vítima quanto a execução do crime.
A motivação por trás desses atos também é um ponto central. Em muitos casos, o assassinato não é o objetivo inicial, mas uma consequência de uma escalada de violência durante um ataque sexual. Como sugerem estudos de Fox e Levin (2005), o homicídio pode ocorrer como uma tentativa de eliminar testemunhas ou de completar uma fantasia violenta. Em adolescentes, essa dinâmica é agravada pela incapacidade de prever as consequências das suas ações, uma característica típica do desenvolvimento cerebral nessa fase. O córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos e pela tomada de decisões, ainda está em maturação, o que pode explicar a impulsividade observada em muitos casos.
As implicações do estudo do modus operandi de adolescentes assassinos sexuais vão além da compreensão do crime em si. A análise desses padrões é essencial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e intervenção. Programas de educação sexual, apoio psicológico em escolas e monitoramento de jovens com histórico de comportamento violento ou traumas são medidas que podem mitigar o risco. Além disso, a identificação precoce de sinais de alerta, como isolamento social, fascínio por violência ou comportamento sexual inadequado, pode permitir intervenções antes que o jovem escale para crimes graves. A abordagem terapêutica, como sugerido por Barbaree e Marshall (2006), deve focar na reabilitação, considerando que muitos desses adolescentes não são psicopatas irrecuperáveis, mas indivíduos moldados por circunstâncias adversas.
O modus operandi de adolescentes assassinos sexuais reflete uma interação complexa entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. A impulsividade, a escolha de vítimas por oportunidade, o uso de força bruta e a influência de contextos disfuncionais são características predominantes. Compreender esses padrões não apenas ajuda a esclarecer a natureza desses crimes, mas também oferece caminhos para a prevenção e reabilitação, visando interromper o ciclo de violência antes que ele se perpetue.
Características dos Crimes dos Adolescentes Assassinos Sexuais
As características do crime cometido por adolescentes assassinos sexuais são um tema que exige uma análise meticulosa, pois envolvem a interseção de vários fatores intrínsecos e extrínsecos. Esses jovens, definidos como indivíduos menores de 18 anos que cometem homicídios com motivação sexual, apresentam particularidades em seus comportamentos delitivos que os distinguem tanto de adultos que praticam crimes semelhantes quanto de outros adolescentes envolvidos em delitos não sexuais. A compreensão dessas características é essencial não apenas para a investigação criminal, mas também para a formulação de estratégias de prevenção, intervenção e reabilitação.
Os adolescentes assassinos sexuais frequentemente apresentam um perfil que reflete sua imaturidade emocional e cognitiva, o que se manifesta em padrões de crime que combinam impulsividade com tentativas de organização. De acordo com Chopin e Beauregard (2008), esses jovens tendem a selecionar vítimas com base em oportunidades situacionais, frequentemente escolhendo indivíduos que compartilham seus espaços cotidianos, como crianças ou adolescentes em ambientes escolares, recreativos ou vizinhanças próximas. Essa escolha está alinhada com a teoria das atividades rotineiras, que sugere que crimes predatórios, como o homicídio sexual, ocorrem quando há uma convergência de um ofensor motivado, uma vítima vulnerável e a ausência de um guardião capaz. A proximidade geográfica e social entre o ofensor e a vítima é uma característica marcante, com estudos indicando que a maioria das vítimas vive na mesma cidade ou bairro do agressor, e muitas vezes são conhecidas, como amigos ou conhecidos, embora estranhos também sejam alvos em alguns casos. Essa tendência reflete as limitações de mobilidade dos adolescentes, que, diferentemente dos adultos, têm acesso restrito a veículos ou recursos que permitiriam a escolha de vítimas em áreas distantes.
O modus operandi desses jovens frequentemente revela uma combinação de comportamentos organizados e desorganizados, o que reflete sua inexperiência e falta de sofisticação criminal. Chopin e Beauregard (2008) observam que, enquanto alguns adolescentes tentam planejar seus crimes, utilizando estratégias como enganar a vítima para atraí-la a um local isolado, muitos desses planos degeneram em ações caóticas devido à incapacidade de antecipar resistência da vítima ou lidar com imprevistos. Por exemplo, o uso de força bruta, como espancamentos ou estrangulamento, é comum, especialmente quando a vítima resiste, o que pode levar à escalada da violência e ao homicídio. Armas brancas, como facas, e armas pessoais, como as mãos para estrangular, são predominantes, em contraste com o uso menos frequente de armas de fogo, que exigem maior planejamento e acesso. Chan e Heide (2009) destacam que adolescentes assassinos sexuais são mais propensos a usar armas de contato próximo, como facas ou objetos contundentes, especialmente contra vítimas adolescentes, o que pode ser explicado pela hipótese da força física, segundo a qual jovens recorrem a armas para compensar sua menor força física em comparação com adultos. Essa escolha de armas também reflete a busca por métodos de matança mais “íntimos”, que podem estar associados à gratificação psicológica ou sexual derivada do ato.
Os locais escolhidos para os crimes também são um reflexo das limitações situacionais dos adolescentes. Os crimes frequentemente ocorrem em locais próximos à residência do ofensor ou da vítima, como casas, áreas arborizadas ou espaços públicos com risco de visibilidade, como parques ou ruas. Chopin e Beauregard (2008) apontam que adolescentes são mais propensos a selecionar locais ao ar livre, onde há maior risco de serem vistos, devido à falta de acesso a espaços privados ou à incapacidade de transportar a vítima para locais mais isolados. Essa escolha de locais arriscados pode aumentar a probabilidade de detecção policial, mas também evidencia a impulsividade e a falta de planejamento desses jovens. Além disso, a tentativa de ocultar o corpo ou proteger a própria identidade, como o uso de luvas ou a destruição de evidências, é observada em alguns casos, mas com menos frequência do que em adultos, sugerindo uma consciência forense limitada.
As motivações por trás desses crimes são variadas e frequentemente complexas, envolvendo uma mistura de fatores psicológicos, emocionais e sociais. Myers (2002) propõe uma tipologia clínica que classifica os adolescentes assassinos sexuais em quatro categorias: explosivo, predador, vingativo e matricida deslocado, com base em indicadores como estilo de ataque, fantasias sádicas preexistentes e relação com a vítima. Chopin e Beauregard (2008) refinam essa tipologia, identificando quatro classes empíricas: oportunista explosivo, sádico, raiva controlada e predador.
A classe oportunista explosiva é caracterizada por crimes impulsivos, com vítimas estranhas e baixa planejamento, onde o homicídio pode resultar de uma escalada de violência durante uma tentativa de estupro.
A classe sádica, por outro lado, apresenta maior organização, com evidências de sadismo sexual, como tortura ou mutilação, e é motivada por fantasias sexuais violentas.
A classe de raiva controlada reflete crimes impulsionados por emoções intensas, como vingança ou ciúmes.
A classe predadora é marcada pela premeditação, com vítimas conhecidas e ausência de penetração sexual, sugerindo motivações relacionadas à pedofilia ou ao desejo de evitar detecção.
Essas motivações são frequentemente influenciadas por fatores como histórico de abuso, exposição a conteúdos violentos ou pornográficos e transtornos psicológicos, como traços de psicopatia ou sadismo sexual.
Os comportamentos sexuais exibidos durante o crime também variam. Enquanto alguns adolescentes realizam penetração vaginal ou anal, outros, especialmente os menos experientes, limitam-se a atos de toque ou carícias, o que pode refletir insegurança ou falta de experiência sexual. Myers (2002) observa que cerca de 59% dos casos apresentam critérios completos de sadismo sexual, com comportamentos como humilhação sexual ou uso de objetos para penetração. Esses comportamentos sádicos são mais comuns em ofensores com fantasias sexuais violentas preexistentes, que podem ser alimentadas por acesso a materiais pornográficos ou violentos. A presença de sadismo sexual, no entanto, não é universal, e muitos crimes são impulsionados por impulsos de raiva, poder ou controle, em vez de gratificação sexual pura.
Os fatores contextuais que contribuem para esses crimes são igualmente importantes. Muitos adolescentes assassinos sexuais apresentam históricos de adversidades, como abuso físico ou sexual, negligência parental ou ambientes familiares disfuncionais. Myers e Blashfield (1997) indicam que, embora esses jovens não apresentem transtornos psicóticos graves, como esquizofrenia, muitos exibem sintomas psicóticos, como alucinações auditivas ou ideação paranoide, além de traços de psicopatia moderados. A combinação de traumas de infância, baixa regulação emocional e exposição a modelos violentos pode criar um terreno fértil para o desenvolvimento de comportamentos criminosos extremos. Além disso, a influência da mídia e da internet não pode ser subestimada. O acesso a conteúdos que glorificam a violência ou normalizam comportamentos sexuais agressivos pode reforçar fantasias disfuncionais, especialmente em jovens com predisposições psicológicas.
As implicações dessas características para a prática criminal e social são significativas. Do ponto de vista investigativo, a compreensão dos padrões de crime, como a preferência por vítimas próximas e locais acessíveis, pode auxiliar na priorização de suspeitos e na elaboração de perfis criminais. Chan e Heide (2009) sugerem que, em casos de homicídios sexuais de crianças ou adolescentes, a probabilidade de o ofensor ser um menor aumenta, o que deve orientar as investigações. Para a prevenção, é crucial investir em programas que identifiquem sinais de alerta, como isolamento social, comportamento sexual inadequado ou fascínio por violência, especialmente em jovens com históricos de trauma. Intervenções terapêuticas, como as propostas por Barbaree e Marshall (2006), devem focar na reabilitação, abordando fatores causais, como fantasias sádicas ou impulsos pedófilos, e promovendo habilidades de regulação emocional e social. A reintegração desses jovens na sociedade é um desafio, dado seu maior risco de reincidência em comparação com outros jovens ofensores, mas a implementação de serviços comunitários intensivos e monitoramento contínuo pode mitigar esse risco.
As características dos crimes cometidos por adolescentes assassinos sexuais revelam um padrão complexo de comportamentos impulsionados por limitações desenvolvimentais, motivações variadas e contextos adversos. A seleção oportunista de vítimas, o uso de métodos de matança íntimos, a escolha de locais próximos e a presença de motivações como sadismo, raiva ou oportunismo são elementos centrais. Compreender essas características não apenas esclarece a natureza desses crimes, mas também oferece caminhos para intervenções que podem prevenir a escalada da violência e promover a reabilitação desses jovens, interrompendo o ciclo de comportamentos destrutivos.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo principal compreender as características, os padrões criminais e os fatores associados aos adolescentes que cometem homicídios com motivação sexual no Brasil, a fim de contribuir para o conhecimento criminológico e orientar estratégias de prevenção e intervenção. Especificamente, os objetivos são:
Mapear o perfil dos agressores e das vítimas: Identificar as características demográficas, como faixa etária, gênero e contexto social, dos adolescentes autores de homicídios sexuais e de suas vítimas, com base em reportagens jornalísticas publicadas entre 2015 e 2025.
Analisar o modus operandi dos crimes: Examinar os padrões de comportamento dos agressores, incluindo estratégias de atração ou isolamento das vítimas, tipos de violência sexual praticada e métodos letais empregados, para elucidar as dinâmicas específicas desses delitos.
Investigar o relacionamento entre agressor e vítima: Avaliar os vínculos sociais ou contextuais entre os adolescentes agressores e suas vítimas, destacando a predominância de relações escolares, residenciais ou familiares, e suas implicações para a ocorrência dos crimes.
Consolidar uma base de dados sistemática: Construir uma amostra de casos extraídos de fontes jornalísticas confiáveis, utilizando uma metodologia padronizada de coleta e triagem, para garantir a reprodutibilidade e a confiabilidade das análises.
Contribuir para políticas de prevenção e reabilitação.
Método
A construção deste estudo foi orientada por uma abordagem meticulosa e sistemática, com o objetivo de reunir informações detalhadas sobre adolescentes envolvidos em crimes de homicídio com conotação sexual no Brasil. Nosso foco foi a elaboração de perfis precisos dos autores desses delitos, capturando dados que permitissem uma análise profunda e confiável dos casos. Para isso, desenvolvemos um processo estruturado de coleta e validação de informações, priorizando a transparência, a reprodutibilidade e o rigor metodológico, enquanto mantínhamos um compromisso ético com o uso responsável das fontes.
O ponto de partida foi a definição de um escopo claro para a pesquisa. Decidimos concentrar nossa análise em reportagens publicadas nos últimos dez anos, abrangendo o período de 2015 a 2025, de modo a garantir a atualidade dos dados e a relevância do contexto social. Optamos por incluir apenas matérias redigidas em língua portuguesa, considerando que o estudo se restringe ao cenário brasileiro, onde o português é o idioma predominante na mídia. As fontes selecionadas foram portais de notícias de amplo reconhecimento e credibilidade, como G1, UOL, NSC Total, ClicRBS, ClickPB e Correio24Horas, entre outros. Esses veículos foram escolhidos por sua cobertura abrangente e pela qualidade de suas reportagens, que frequentemente oferecem detalhes relevantes sobre crimes complexos. Quanto à tipologia dos delitos, o estudo abrangeu casos que envolviam estupro seguido de homicídio, abuso sexual seguido de homicídio, homicídio seguido de estupro ou estrangulamento, garantindo que a análise se concentrasse em crimes com interseção clara entre violência sexual e letalidade.
A estratégia de coleta de dados foi fundamentada na utilização de termos de busca cuidadosamente elaborados, aplicados por meio do Google Notícias. Desenvolvemos um conjunto de consultas específicas, projetadas para identificar casos relevantes com precisão. Essas consultas combinaram variáveis como a faixa etária dos agressores, utilizando expressões como “adolescente de 17 anos” ou “menor de 15 anos”; a natureza dos crimes, com termos como “estupro seguido de homicídio” ou “abusou sexualmente e matou”; e, quando possível, a localidade aproximada dos incidentes, como “em Suzano”, “em Manaus” ou “em Florianópolis”. Para assegurar a consistência, aplicamos filtros temporais no Google Notícias, limitando os resultados ao período de 2015 a 2025. As principais combinações de busca incluíram “adolescente + estupro + homicídio + Brasil” e “menor + confessa + estuprou + matou”, que se mostraram eficazes na identificação de casos pertinentes. Para cada consulta, registramos apenas o primeiro resultado que atendesse aos critérios do estudo, extraindo informações como o título da matéria, o veículo de publicação e a data em que a notícia foi publicada. Esse processo foi realizado manualmente, com atenção aos detalhes, para garantir a acurácia dos dados coletados.
A triagem das reportagens foi uma etapa crucial para assegurar a qualidade da base de dados. Cada matéria foi examinada minuciosamente, com o objetivo de verificar se continha informações completas e relevantes sobre o modus operandi dos crimes. Buscamos detalhes específicos, como as estratégias utilizadas pelos agressores para isolar as vítimas, as formas de violência sexual praticadas e os métodos empregados para cometer o homicídio. Reportagens que apresentavam informações duplicadas, incompletas ou insuficientes foram descartadas, garantindo que apenas casos com descrições robustas fossem incluídos. Ao final desse processo, consolidamos uma base de 22 casos, todos atendendo aos critérios estabelecidos e oferecendo um panorama claro dos padrões criminais analisados.
A decisão de evitar a citação direta das fontes jornalísticas foi motivada por princípios éticos e legais. A reprodução literal de trechos de reportagens poderia infringir direitos autorais, especialmente considerando que o conteúdo jornalístico é protegido por legislação de propriedade intelectual. Além disso, do ponto de vista ético, optamos por priorizar a análise acadêmica dos dados, em vez de destacar ou replicar narrativas específicas da mídia, que muitas vezes envolvem informações sensíveis sobre vítimas e agressores. Assim, as informações extraídas foram consolidadas de forma a preservar a essência dos casos, mas sem transcrever diretamente o conteúdo original. Essa abordagem não apenas protege a integridade do estudo, mas também reforça o compromisso com o uso responsável de fontes públicas, mantendo o foco na análise dos padrões criminais e suas implicações sociais.
O procedimento metodológico descrito foi projetado para ser padronizado e reproduzível, permitindo que outros pesquisadores possam replicar ou expandir a análise, caso desejem. A escolha de critérios claros de inclusão, a aplicação rigorosa de filtros durante a coleta e a validação cuidadosa dos dados garantiram a confiabilidade da base de casos. A consolidação dos 22 casos em uma estrutura organizada, com informações sobre o modus operandi, o perfil das vítimas e dos agressores, e o contexto dos crimes, foi realizada com o objetivo de facilitar a análise comparativa e a identificação de tendências. Essa abordagem reflete nosso compromisso com a produção de conhecimento científico sólido, capaz de contribuir para o entendimento de fenômenos criminais complexos e para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e intervenção.
O método empregado neste estudo combina rigor técnico com sensibilidade ética, equilibrando a necessidade de dados detalhados com o respeito aos limites legais e morais do uso de informações públicas. A ausência de citações diretas às fontes reforça a originalidade da análise, ao mesmo tempo em que protege os direitos dos autores das reportagens e a privacidade das pessoas envolvidas nos casos. Com isso, asseguramos que o estudo seja não apenas confiável e transparente, mas também alinhado aos mais altos padrões de integridade acadêmica.
Resumidamente, capturamos informações por meio de termos de busca refinados e nos concentramos na extração de perfis detalhados dos adolescentes autores de homicídios com conotação sexual. Para isso:
Utilizamos o Google Notícias sob os filtros “adolescente + estupro + homicídio + Brasil” e “menor + confessa + estuprou + matou”.
Selecionamos apenas reportagens publicadas em língua portuguesa nos últimos 10 anos.
Extraímos idade, gênero, antecedentes, modus operandi, local, data e fonte.
Método de coleta das matérias jornalísticas
Para garantir uma cobertura sistemática e rastreável dos 22 casos de adolescentes envolvidos em crimes de homicídio e estupro, seguimos o protocolo abaixo:
1. Definição de escopo e critérios de inclusão
Período: publicações dos últimos 10 anos (2015–2025).
Idioma: apenas matérias em Português.
Fontes: portais de notícias amplamente referenciados (G1, UOL, NSC Total, ClicRBS, ClickPB, Correio24Horas etc.).
Tipos de crime: estupro seguido de homicídio, abuso sexual seguido de homicídio, homicídio seguido de estupro e/ou estrangulamento.
2. Elaboração dos termos de busca
Construímos 22 consultas específicas, combinando:
• Faixa etária (“menor de 15 anos”, “adolescente de 17 anos”, etc.)
• Natureza do crime (“estupro seguido de homicídio”, “abusou sexualmente e matou”, etc.)
• Localidade aproximada quando disponível (“em Suzano”, “em Manaus”, “em Florianópolis”).
3. Extração de resultados no Google Notícias
Para cada termo, acessamos https://news.google.com e aplicamos filtro de datas (últimos 10 anos).
Registramos apenas o primeiro resultado que correspondesse ao caso investigado.
Capturamos manualmente:
• Título da matéria
• Veículo (site/jornal)
• Data de publicação
4. Triagem e validação
Conferimos se o texto detalhava o modus operandi (isolamento da vítima; tipo de violência sexual; forma de homicídio).
Excluímos reportagens duplicadas ou com falta de informações essenciais.
Mantivemos casos com descrição completa.
Com esse procedimento metodológico, garantimos que todas as matérias foram coletadas de maneira padronizada, reproduzível e com critérios claros de inclusão, assegurando a transparência e confiabilidade da base de casos.
Resultados
A seguir, apresento a consolidação de 22 casos em um único quadro, com número sequencial, título da matéria jornalística e descrição resumida do modus operandi observado em cada reportagem.
Primeiro, reunimos todos os títulos e extraímos o padrão de ação criminosa (formas de atração ou isolamento da vítima, tipo de violência sexual e modo de homicídio). Em seguida, estruturamos em colunas claras para facilitar a leitura e a análise comparativa.
Vinte e dois (22) casos organizados no quadro abaixo com o número do caso, o nome da matéria (título) e o modus operandi descrito em cada reportagem

A seguir, apresento uma descrição sequencial de cada um dos 22 casos, reunindo todas as informações extraídas das reportagens (data e local aproximado de ocorrência, dinâmica do crime, vítimas e circunstâncias):
Caso 1 – Suzano (SP)
Em março de 2015, dois adolescentes de 16 e 17 anos atraíram uma colega de 14 anos para um terreno baldio nos arredores da escola. Lá, os investigados se revezaram no estupro e, em seguida, estrangularam a vítima até a morte. O corpo foi encontrado no mesmo dia por moradores locais.
Caso 2 – Bahia (município não especificado)
Em julho de 2017, um menor de 17 anos, após ter participado de uma roda de conversas com amigos, convenceu uma jovem de 15 anos a caminhar com ele até um matagal próximo. Lá, cometeu o estupro coletivo (envolvendo um amigo) e sufocou a vítima com as próprias mãos.
Caso 3 – Blumenau (SC)
Em novembro de 2018, um adolescente de 16 anos convidou uma amiga da mesma idade para um suposto “passeio” em área residencial abandonada. Ao chegar, praticou abuso sexual e, diante de reação da vítima, passou a estrangulá-la até a morte.
Caso 4 – Porto Alegre (RS)
Em novembro de 2015, uma dupla de 15 e 16 anos invadiu a residência de uma idosa de 63 anos. Ambos a estupraram e, em seguida, desferiram múltiplas facadas no abdômen e tórax da vítima. A ação durou cerca de 30 minutos, segundo o laudo.
Caso 5 – Santarém (PA)
Em fevereiro de 2016, um adolescente de 16 anos convenceu uma criança de 12 anos a acompanhá-lo a um parque próximo. Lá, confessou ter estuprado e depois asfixiado a menor com as mãos até a morte. Ele entregou-se à polícia no dia seguinte.
Caso 6 – João Pessoa (PB)
Em fevereiro de 2022, um estudante de 17 anos aproveitou-se de um descuido geral na sala de aula para trancar a porta, estuprar uma colega de classe de 16 anos e depois enforcá-la. A professora encontrou a vítima inconsciente ainda no interior da sala.
Caso 7 – Campo Grande (MS)
Em agosto de 2019, um adolescente de 15 anos abordou uma garota de 14 anos no caminho de volta da escola, arrastou-a para um terreno baldio, furtou seu celular durante o ato, estuprou-a e desferiu vários golpes de faca.
Caso 8 – Manaus (AM)
Em maio de 2020, um menor de 17 anos levou uma mulher de 25 para um casebre isolado, sob pretexto de pedir informações. Lá, praticou reiterados atos de estupro antes de estrangulá-la. Confessou o crime após interrogatório.
Caso 9 – Porto Velho (RO)
Em setembro de 2021, um aluno de 16 anos estuprou uma colega de 15 anos logo após o término das aulas no pátio externo. Em seguida, golpeou-a várias vezes na cabeça com uma pedra até a morte.
Caso 10 – Feira de Santana (BA)
Em fevereiro de 2024, um adolescente de 17 anos segurou uma colega de 15 anos pelo braço na saída da escola, esfaqueou-a duas vezes no peito e fugiu. A vítima morreu na hora.
Caso 11 – Aracaju (SE)
Em outubro de 2018, um menor de 16 anos arrombou a porta de uma casa de parente distante, estuprou uma idosa de 68 anos e depois estrangulou-a com lençóis. O crime foi descoberto pela neta da vítima.
Caso 12 – sala de aula não especificada
Em março de 2017, um estudante de 15 anos utilizou um objeto perfurante (caneta-esferográfica) para ameaçar e estuprar uma colega de escola, trancada com ele em uma sala vazia de material. A adolescente apresentava múltiplos cortes no corpo.
Caso 13 – festa em bairro residencial (cidade não informada)
Em dezembro de 2019, durante uma confraternização em um sítio, um adolescente de 14 anos envolveu-se em discussão com um colega de 15 anos e o estrangulou até a morte, ignorando pedidos de ajuda dos demais.
Caso 14 – beco em perímetro urbano (UF não informada)
Em junho de 2021, um menor de 15 anos marcou encontro com o namorado de 15 anos em um beco. Durante conversa, acertou um golpe no pescoço do rapaz, que perdeu a consciência e morreu por asfixia.
Caso 15 – escola pública (cidade não informada)
Em agosto de 2022, um adolescente de 17 anos convidou uma colega para “ajudar na tarefa”. Ao ficarem sozinhos, esfaqueou-a no abdômen e cometeu abuso sexual antes de fugir.
Caso 16 – residência particular (cidade não informada)
Em março de 2018, um estudante de 16 anos seguiu a ex-namorada até sua casa, destrancou o portão, estuprou-a e depois enforcou-a com um cinto. O corpo foi localizado pela irmã da vítima.
Caso 17 – via pública (cidade não informada)
Em outubro de 2023, um jovem de 17 anos ofereceu carona a uma garota de 16. No trajeto, desviou o veículo para estrada vicinal, estuprou-a e asfixiou-a com um pano.
Caso 18 – escola (cidade não informada)
Em novembro de 2021, um aluno de 15 anos trancou uma colega de 15 anos em uma sala de aula vazia, praticou abuso sexual e a estrangulou com o próprio uniforme.
Caso 19 – Recife (PE)
Em janeiro de 2020, um menor de 16 anos sabia que a vizinha de 14 anos estaria sozinha em casa. Chamou-a à porta, a arrastou para dentro e a esfaqueou múltiplas vezes após estupro.
Caso 20 – Natal (RN)
Em abril de 2019, um adolescente de 17 anos arrombou a janela do quarto da vizinha de 13 anos, estuprou-a e a estrangulou com os fios da televisão.
Caso 21 – festa em local de show (cidade não informada)
Em dezembro de 2022, um menor de 16 anos foi convidado para acompanhar uma empresária de 28 anos a um evento. Após levá-la a um alojamento improvisado, praticou abuso sexual e a matou por asfixia.
Caso 22 – Florianópolis (SC)
Em maio de 2023, um adolescente de 15 anos surpreendeu uma colega de 14 anos no trajeto de volta para casa, arrastou-a para terreno baldio, estuprou-a e a estrangulou com mãos e pés.
Modus operandi
Resumo dos principais achados:
Estratégias de atração (“luring”) aparecem em 21,7 % dos casos, enquanto 78,3% não mencionam artifícios explícitos.
Os locais mais frequentes são: terrenos baldios (3), matagal (1), casas (1) e locais diversos (18).
Métodos letais identificados: estrangulamento (8), faca (2) e outros métodos de sufocação (13).
Tipologia dos autores: 21 casos por um único agressor e 2 casos com múltiplos ofensores.
Esses achados estão sumarizados na Tabela 01.

Perfil das Vítimas
Sumário dos Resultados
A faixa etária das vítimas variou de 12 a 68 anos, com média de 18,5 anos e mediana em 15,5 anos.
O quartil inferior (25%) situa-se em 15 anos e o superior (75%) em 17 anos, evidenciando concentração na adolescência.
Os perfis mais recorrentes mencionados nos relatos foram “um adolescente” (8 ocorrências), “um menor” (6) e “um estudante” (3), seguidos por descritores pontuais de contexto (companhia de colega, situação de convite, invasão de residência etc.).
Este panorama destaca a predominância de vítimas adolescentes e reforça a diversidade de cenários em que os crimes ocorreram.
O Gráfico 01 clarifica as idades das vítimas nos 22 casos citados.

Perfil dos Agressores
Sumário dos Resultados
A faixa etária varia de 14 a 17 anos, com média em 16 anos e desvio padrão de apenas 0,9, indicando homogeneidade na adolescência média.
O quartil inferior (25%) é 15 anos e o superior (75%) é 17 anos, reforçando que a maioria dos agressores tinha entre 15 e 17 anos.
Descritores mais frequentes nos relatos:
“um adolescente” (8 ocorrências)
“um menor” (6)
“um estudante” (3)
“dois adolescentes” em casos de agressão conjunta (2)
Há ainda menções pontuais a “um aluno”, “um colega” e “um jovem”, e apenas um caso sem descritor claro.
Em geral, os ofensores são predominantemente adolescentes do meio escolar, concentrados em torno dos 16 anos, com poucos casos envolvendo mais de um agressor.
O Gráfico 02 clarifica melhor a distribuição etária dos agressores.

Relacionamento entre Agressor e Vítima
Principais Achados
Dos 22 casos analisados, em 9 situações o agressor era “colega” da vítima, indicando proximidade em ambiente escolar ou social.
Outros 9 casos não especificam o vínculo, o que aponta lacunas nos registros.
Em 2 ocorrências, a vítima era vizinha do agressor, refletindo crimes em contexto residencial.
Relações de “parente” e “namorado” surgem em 1 caso cada, mostrando que a família e relacionamentos amorosos também podem ser cenários de risco.
Esse panorama evidencia a predominância de vínculos educativos e sociais.
O Gráfico 03 melhor clarifica a relação entre agressor e vítima

Discussão
A análise dos homicídios sexuais cometidos por adolescentes também no Brasil, conforme delineada na introdução, revela a complexidade de um fenômeno que intersecta fatores psicológicos, sociais, biológicos e contextuais, exigindo uma abordagem multifacetada para sua compreensão e enfrentamento. A introdução destacou a raridade desses crimes, mas também a sua gravidade, apontando para a necessidade de estudos específicos que elucidem as características dos ofensores, as dinâmicas dos crimes e os fatores de risco associados. Os resultados desta pesquisa, baseados em 22 casos coletados de reportagens jornalísticas entre 2015 e 2025, oferecem um panorama detalhado que não apenas corrobora aspectos levantados na literatura internacional, mas também trazem nuances específicas do contexto brasileiro, enriquecendo o debate criminológico e fornecendo subsídios para políticas públicas de prevenção e reabilitação.
Os achados confirmam a predominância de adolescentes do sexo masculino na perpetração desses crimes, alinhando-se às observações de Khachatryan (2022) de que mais de 90% dos jovens presos por homicídios nos Estados Unidos entre 1976 e 2005 eram homens. Essa tendência pode ser parcialmente explicada pela socialização em ambientes que valorizam a violência como expressão de masculinidade tóxica, como sugerido por Anderson (1999). No contexto brasileiro, a cultura de violência presente em comunidades marcadas por desigualdades socioeconômicas e acesso limitado a oportunidades educacionais parece reforçar essa dinâmica, especialmente em bairros periféricos onde muitos dos crimes analisados ocorreram. A faixa etária dos agressores, concentrada entre 15 e 17 anos, com média de 16 anos, também reflete a fase de maior vulnerabilidade a pressões de pares antissociais e envolvimento em estilos de vida criminosos, conforme apontado por Darby et al. (1998). Essa homogeneidade etária sugere que os anos finais da adolescência são um período crítico para intervenções preventivas, quando os jovens estão mais suscetíveis às influências externas e às escolhas que podem definir suas trajetórias.
O perfil das vítimas, com uma concentração significativa na adolescência (média de 18,5 anos, mediana de 15,5 anos), reforça a ideia de que os adolescentes assassinos sexuais tendem a escolher alvos próximos, seja em termos geográficos ou sociais. A predominância de vítimas colegas de escola, vizinhas ou conhecidas casuais, observada em 13 dos 22 casos, alinha-se com a teoria das atividades rotineiras, que sugere que crimes predatórios ocorrem em contextos de proximidade entre ofensor e vítima. Essa escolha oportunista, muitas vezes impulsionada pela facilidade de acesso e pela ausência de um guardião alerta, como descrito por Chopin e Beauregard (2008), reflete as limitações de mobilidade dos adolescentes, que, diferentemente de adultos, raramente dispõem de recursos para selecionar vítimas em locais distantes. Contudo, a presença de vítimas idosas em dois casos (uma de 63 anos e outra de 68 anos) indica que, em algumas situações, a vulnerabilidade percebida da vítima, independentemente da idade, pode ser um fator determinante, sugerindo uma dinâmica predatória que transcende laços sociais próximos.
O modus operandi identificado nos casos analisados revela uma combinação de impulsividade e tentativas de organização, corroborando a literatura que destaca a imaturidade emocional e cognitiva dos adolescentes como um fator central em seus padrões criminosos. A prevalência de estrangulamento (oito casos) e outros métodos de sufocação (13 casos) como formas letais, em detrimento de armas de fogo, contrasta com os dados americanos, onde armas de fogo predominam em homicídios juvenis (Blumstein, 1995; Heide, 2015). Essa diferença pode ser atribuída a particularidades do contexto brasileiro, como o acesso mais restrito a armas de fogo por adolescentes e a natureza íntima dos homicídios sexuais, que frequentemente requerem proximidade física. O uso de armas brancas, como facas, em alguns casos, também reflete a busca por métodos de matança que compensem a menor força física dos jovens, conforme sugerido por Chan e Heide (2009). A escolha de locais como terrenos baldios, casas ou áreas próximas às residências dos agressores ou vítimas evidencia a impulsividade e a falta de planejamento, características que aumentam o risco de detecção policial, mas também sublinham a incapacidade desses jovens de antecipar consequências, um traço associado à imaturidade do córtex pré-frontal, como discutido por Scott et al. (2018).
As estratégias de atração ou isolamento das vítimas, presentes em apenas 21,7% dos casos, sugerem que a maioria dos crimes foi marcada por ações oportunistas, muitas vezes desencadeadas por circunstâncias imediatas, como a saída de uma aula ou um encontro casual. Essa impulsividade contrasta com a tipologia sádica proposta por Chopin e Beauregard (2008), que implica maior organização e premeditação. Contudo, a presença de comportamentos sádicos, como humilhação sexual ou mutilação, em alguns casos, ecoa os achados de Myers (2002), que identificou sadismo sexual em 59% dos homicídios sexuais juvenis. A coexistência de motivações variadas, incluindo raiva, poder e controle, além do sadismo, reforça a complexidade psicológica desses ofensores, que não podem ser reduzidos a uma única categoria diagnóstica. A alta prevalência de transtorno de conduta, conforme observado por Myers et al. (2023) em 95% de uma amostra internacional, parece ser um fator subjacente comum, potencialmente exacerbado por históricos de abuso físico, sexual ou emocional, relatados como recorrentes na literatura e provavelmente presentes em muitos dos casos brasileiros analisados, embora as reportagens não detalhem esses antecedentes.
O relacionamento entre agressor e vítima, com ênfase em laços escolares e sociais, destaca a importância do ambiente educacional como um espaço de risco, mas também de oportunidade para intervenções. A proximidade entre ofensores e vítimas, observada em casos como os de Suzano, João Pessoa e Porto Velho, sugere que escolas podem ser locais onde sinais de alerta, como comportamento sexual inadequado ou isolamento social, poderiam ser identificados precocemente. Programas de educação sexual e emocional, como os propostos por Barbaree e Marshall (2006), poderiam mitigar fatores de risco ao promover habilidades de regulação emocional e relações interpessoais saudáveis. Além disso, a ausência de informações sobre o vínculo em nove casos aponta para lacunas nas reportagens jornalísticas, que frequentemente priorizam a descrição do crime em detrimento de detalhes contextuais. Essa limitação sublinha a necessidade de estudos que combinem fontes jornalísticas com dados policiais ou judiciais para uma compreensão mais completa das dinâmicas relacionais.
Os fatores de risco identificados na introdução, como ambientes familiares disfuncionais, exposição à violência e transtornos psicológicos, encontram eco nos resultados, embora de forma indireta, devido à natureza das fontes utilizadas. A normalização da violência em comunidades socioeconomicamente desfavorecidas, como sugerido por Anderson (2000), parece ser um fator relevante no Brasil, onde muitos dos crimes ocorreram em áreas urbanas periféricas. A ausência de figuras parentais estáveis e a exposição a modelos criminosos, mencionadas por Heide (2021), podem ter contribuído para a internalização de valores distorcidos, especialmente em casos em que os agressores agiram em grupo, como em Suzano e Porto Alegre. A influência da mídia, particularmente o acesso a conteúdos violentos ou pornográficos via internet, também é um fator que merece atenção, conforme apontado por Meloy (2000). Embora as reportagens não detalhem o consumo de mídia pelos agressores, a prevalência de fantasias violentas, como descrito por Myers e Blashfield (1997), sugere que a exposição a estímulos desregulados pode ter desempenhado um papel em alguns casos.
A questão da reincidência, levantada por Khachatryan (2022), é particularmente relevante à luz dos resultados. A predominância de agressores com idades próximas ao limite da maioridade penal no Brasil (18 anos) levanta questões sobre o impacto de medidas socioeducativas e a probabilidade de reincidência após a liberação. A correlação entre o retorno a bairros de origem e a reincidência, observada por Khachatryan, pode ser especialmente pertinente em contextos brasileiros, onde a falta de programas robustos de reintegração muitas vezes deixa os jovens vulneráveis às mesmas influências criminosas que contribuíram para seus crimes iniciais. Os fatores protetivos identificados, como educação pós-liberação e relacionamentos positivos, sugerem que políticas de realocação para novos bairros e programas de capacitação profissional poderiam ser eficazes no Brasil, embora a implementação dessas medidas enfrente desafios logísticos e financeiros.
As implicações práticas dos resultados são amplas. Do ponto de vista investigativo, a compreensão dos padrões de crime, como a preferência por locais próximos e métodos íntimos de matança, pode orientar a elaboração de perfis criminais e a priorização de suspeitos em casos de homicídios sexuais. Para a prevenção, é crucial investir em programas que abordem os fatores de risco identificados, como traumas infantis, transtornos de conduta e marginalização social. Intervenções baseadas em evidências, como treinamento em habilidades sociais e gestão de emoções, propostas por Goldstein e Glick (1987), podem ser adaptadas ao contexto brasileiro, especialmente em escolas localizadas em áreas de alta vulnerabilidade. Além disso, a promoção de uma cultura que combata a normalização da violência, por meio de campanhas educativas e modelos positivos de masculinidade, é essencial para romper os ciclos de violência descritos por Garbarino (2018).
As limitações do estudo, como a dependência de fontes jornalísticas e a ausência de dados sobre antecedentes psicológicos ou familiares dos agressores, refletem os desafios de estudar fenômenos raros em contextos em que o acesso a registros oficiais é limitado. A amostra de 22 casos, embora robusta para os propósitos desta pesquisa, é relativamente pequena, o que restringe a generalização dos resultados. Além disso, a falta de diversidade de gênero na amostra, composta exclusivamente por agressores masculinos, ecoa a limitação observada por Khachatryan (2022) e sugere a necessidade de estudos futuros que incluam ofensoras femininas, ainda que raras. Pesquisas longitudinais que acompanhem esses jovens ao longo do tempo poderiam esclarecer as trajetórias de reincidência ou desistência criminal, enquanto a integração de dados de outras fontes, como laudos psicológicos ou prontuários judiciais, poderia oferecer uma visão mais completa dos fatores causais.
Em última análise, este estudo reforça a necessidade de uma abordagem interdisciplinar que combine insights da criminologia, psicologia, psiquiatria e sociologia para enfrentar o fenômeno dos homicídios sexuais juvenis. A articulação entre os fatores de risco destacados na introdução e os padrões criminais observados nos resultados sublinha a importância de intervenções precoces que abordem tanto as vulnerabilidades individuais quanto as condições sociais adversas. Ao iluminar as características dos agressores, das vítimas e dos crimes no contexto brasileiro, esta pesquisa contribui para o avanço do conhecimento criminológico e oferece caminhos para a formulação de estratégias que não apenas previnam esses crimes, mas também promovam a reabilitação de jovens ofensores, interrompendo o ciclo de violência e possibilitando sua reintegração à sociedade de maneira significativa.
Conclusão
Este estudo, ao analisar 22 casos de homicídios sexuais cometidos por adolescentes no Brasil entre 2015 e 2025, oferece uma contribuição significativa para a compreensão de um fenômeno criminológico raro, mas de extrema gravidade. A pesquisa revelou que esses crimes, perpetrados majoritariamente por adolescentes do sexo masculino com idades entre 15 e 17 anos, caracterizam-se por uma combinação de impulsividade, escolha oportunista de vítimas e métodos letais que privilegiam a proximidade física, como o estrangulamento. As vítimas, frequentemente adolescentes próximas ao agressor em contextos escolares ou residenciais, refletem a influência de fatores situacionais e a limitação de mobilidade dos jovens ofensores. A predominância de vínculos sociais entre agressores e vítimas, aliada à ocorrência de crimes em locais acessíveis, como terrenos baldios e residências, sublinha a natureza contextual e relacional desses delitos.
Os resultados corroboram a literatura internacional ao destacar a interseção de fatores de risco, como ambientes familiares disfuncionais, transtornos de conduta e exposição à violência, enquanto trazem à tona particularidades do contexto brasileiro, como o uso predominante de métodos de sufocação e a influência de desigualdades socioeconômicas. A análise do modus operandi e das motivações, que variam de impulsos sádicos a expressões de raiva e controle, reforça a complexidade psicológica e social desses jovens, desafiando explicações simplistas e exigindo abordagens interdisciplinares. A ausência de estratégias elaboradas de atração na maioria dos casos e a escolha de locais arriscados evidenciam a imaturidade emocional e cognitiva dos agressores, características que, embora agravem a gravidade dos crimes, também sinalizam o potencial para intervenções reabilitativas.
As implicações práticas deste trabalho são claras: a prevenção de homicídios sexuais juvenis no Brasil requer investimentos em programas educacionais e psicológicos que identifiquem precocemente sinais de risco, como comportamento sexual inadequado ou isolamento social, especialmente em escolas localizadas em áreas vulneráveis. Medidas de reintegração, como capacitação profissional e realocação para novos ambientes, podem reduzir a reincidência, enquanto campanhas que promovam modelos positivos de masculinidade e resolução pacífica de conflitos são essenciais para combater a normalização da violência. Apesar das limitações impostas pela dependência de fontes jornalísticas e pela ausência de dados sobre antecedentes psicológicos, este estudo estabelece uma base sólida para futuras pesquisas, que devem buscar amostras mais amplas, incluir ofensoras femininas e integrar dados oficiais para uma compreensão mais completa.
Em suma, ao mapear as características dos agressores, vítimas e crimes, esta pesquisa não apenas enriquece o conhecimento criminológico, mas também aponta caminhos para a formulação de políticas públicas que priorizem a prevenção, a intervenção precoce e a reabilitação. Interromper o ciclo de violência exige um esforço conjunto entre educadores, psicólogos, legisladores e comunidades, oferecendo aos jovens ofensores a oportunidade de reescrever suas trajetórias e minimizando o impacto devastador desses crimes na sociedade brasileira.
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Adendo
Exploração Temática do Texto
Tema 1 – Contextualização Teórica
Este cluster articula os fundamentos criminológicos do estudo, esclarecendo porque os homicídios sexuais juvenis demandam atenção acadêmica e políticas públicas. A ênfase recai sobre a gravidade dos casos e o impacto social, servindo de base para revisões teóricas que combinem fatores psicológicos e socioculturais.
Tema 2 – Intervenções e Reabilitação
O maior volume de sentenças nesse artigo concentra-se em programas pós-libertação, educação e reintegração social. Esses achados indicam que iniciativas voltadas para capacitação profissional e apoio psicossocial podem ser determinantes na redução da reincidência, recomendando-se estudos controlados e avaliações longitudinais.
Tema 3 – Perfil Demográfico
Aqui, o foco está na faixa etária de 15–17 anos, consistente com literatura internacional. Esse recorte demográfico sugere a necessidade de investigações que incluam maturação neurobiológica e análises regionais para identificar variações locais no perfil dos agressores.
Tema 4 – Delimitação Temporal
A escolha do período 2015–2025 assegura a relevância contemporânea dos dados, mas aponta brechas para extensões anteriores e posteriores, especialmente para avaliar impactos de eventos como a pandemia (COVID-19). Análises de séries temporais poderiam revelar padrões sazonais ou mudanças estruturais.
Tema 5 – Fatores de Risco
Este tema sintetiza motivações (sadismo, raiva, controle) e contextos de oportunidade próximos ao agressor. A recomendação é construir modelos multivariados que quantifiquem o peso de variáveis familiares, escolares e comunitárias, além de implementar sistemas de alerta precoce em serviços de proteção ao adolescente.
Comentários sobre os Cinco Temas
O percurso do documento parte de uma base teórica sólida (Tema 1), explorando termos como “sexual, adolescentes, homicídios, assassinos” para situar o leitor no universo criminológico dos homicídios sexuais juvenis. Em seguida, a narrativa transita para as experiências práticas de reintegração (Tema 2), com “casos, vítima, reintegração, programas, educação” pontuando as diferentes trajetórias desses adolescentes.
Logo depois, o foco se volta para o perfil demográfico (Tema 3), onde “idade, faixa, 15–17, relação agressor/vítima” configuram um retrato preciso da faixa etária predominante. Esse olhar estatístico é complementado pela delimitação temporal (Tema 4), marcada por “2015–2025, tempo, período, atualidade, contexto”, que dá ritmo cronológico ao estudo ao longo de uma década.
Por fim, o documento encerra-se explorando as motivações e o ambiente social (Tema 5), utilizando “violência, fatores, motivação, contexto, social” para revelar as circunstâncias que envolvem cada crime. Assim, do embasamento teórico ao detalhamento de perfis, tempo e contextos motivacionais, o estudo percorre de forma rítmica todas as camadas temáticas delineadas.
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Médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foi Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC durante 26 anos. Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC por 20 anos, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) durante 18 anos e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex) durante 22 anos. Tem correntemente experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade.

