Tenho filhos dependentes de crack. A constelação familiar ajudaria?

Se você quiser incluir a constelação familiar, mais um recurso será somado

Resposta

Constelação Familiar consiste, sob um ponto de vista teórico estático, em um método terapêutico, na sua essência grupal, que permite restaurar e redimensionar o fluxo de relacionamentos entre membros familiares próximos e distantes. Através deste método, os participantes podem tornar seus problemas atuais mais prontamente visíveis e emocionalmente tangíveis, de tal forma que os participantes têm a oportunidade de encarar tais problemas de frente e angariar mais recursos para afrontá-los. 

Durante a Constelação, participantes podem visualizar a sua própria história, inserida no seu contexto familiar, bem como rever influências de gerações atuais e passadas sobre determinados comportamentos disfuncionais. Em outros termos, as Constelações Familiares buscam trazer à luz fatos desagradáveis, dolorosos ou mesmo vergonhosos e escondidos, os quais têm sido acobertados através de gerações.

Trabalhar com familiares geralmente visa a:

a) permitir o afastamento de falsas crenças e mentiras;
b) reconhecer estados emocionais negativos e fatores possivelmente desencadeantes;
c) restaurar ou remodelar a hierarquia familiar.

Ao invés de focar em um indivíduo em particular, as “sessões” das Constelações Familiares visam a explorar todas as camadas e sistemas de vínculos que circundam a pessoa e que estão perturbando o seu funcionamento psicossocial. De fato, problemas e preocupações não surgem isoladamente, tanto que as fórmulas para a resolução das dificuldades não devem ser fechadas ou cerradas. Por exemplo, questões de saúde e de doença devem ser vistas dentro de uma espiral de conexões ente o próprio sistema orgânico e o sistema familiar e ambiental.

Apesar dos efeitos benéficos das Constelações Familiares em várias situações médicas e psicológicas, é importante enfatizar que o tratamento das dependências químicas envolve uma miríade de ações objetivando um desenlace minimamente desejável.

O fato de um membro familiar, preocupado com o seu filho dependente químico, procurar constelar a sua família objetivando conquistar um significado maior e transparente para a sua situação atual preocupante é, seguramente, um bom sinal. No entanto, isso não basta.

Como orientar os familiares

Os familiares precisam ser guiados cognitivamente e não apenas afetivamente para lidar com o problema. Os familiares devem saber como ajudar corretamente, conseguindo estabelecer regras e limites. Claramente, saber se membros familiares do seu passado tiveram problemas com o uso de substâncias e como foi o desenlace do quadro pode ajudar a aprimorar a situação atual. Inclusive, tais informações podem ser de grande utilidade para a equipe de saúde que está desenvolvendo o tratamento do ente dependente químico.

A dependência química é uma doença médica, com raízes neurobiológicas, genéticas e psicossociais. Portanto, grande parte das vezes, uma única fórmula terapêutica pode não ser suficiente.

Nos casos de fissura intensa, falta de controle sobre o uso das drogas, abandono do lar para a busca das substâncias (por exemplo, cocaína/crack), prejuízos familiares e financeiros importantes, as condutas médicas convencionais devem ser adotadas com rigor, a fim de proteger a vida do dependente químico e melhorar a sua qualidade de vida.

Internações em clinicas médicas, comunidades terapêuticas adequadamente regulamentadas, prescrição de medicações podem ser necessárias em várias situações. Isso tudo, claro, sob a supervisão criteriosa de médicos especialistas no tema.

Os familiares devem participar do tratamento de forma ativa. Psicoterapias focadas no manejo dos familiares de dependentes químicos existem e devem ser procuradas imediatamente. Se você quiser incluir as Constelações Familiares, mais um recurso estará então sendo somado.

Jamais considere uma única forma de tratamento como uma panaceia para os males dos quais padece. Como dito preteritamente, as doenças e transtornos têm raízes as mais diversas e, muito amiúde, precisam de intervenções variadas e, preferencialmente, alinhadas. Faça o certo e não perca tempo!

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.

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