É possível que o seu médico tenha prescrito a medicação Naltrexone – Revia® objetivando a parada do consumo de álcool e, consequentemente, de cocaína
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Resposta
Álcool pode atuar como gatilho para cocaína
As bebidas alcoólicas funcionam, frequentemente, como facilitadoras ou mesmo como gatilhos para o consumo de outras substâncias, como a cocaína. Muitos pacientes dizem que apenas fazem uso da cocaína, quando já fizeram uso de álcool etílico. Nestes casos onde o usuário de cocaína refere que precisa beber antes de usar cocaína, o Naltrexone (Revia®) pode ser uma medicação útil. Teoricamente, nestes casos, o Naltrexone (Revia®) diminuiria a vontade de beber, fazendo com que o dependente de cocaína tenha uma chance maior de abstinência.
Como tenho reiterado no Vya Estelar, não existem medicações comprovadamente eficazes e aprovadas para o tratamento da Síndrome de Dependência de Cocaína. Isso não significa que não existem tratamentos médicos e psicossociais disponíveis para manejar os sintomas da síndrome de dependência e da síndrome de abstinência induzidos pelo uso continuado da cocaína.
Alguns autores têm aventado a possibilidade da medicação Naltrexone (Revia®) ser mais eficaz entre alcoolistas que começaram a apresentar problemas com o consumo de bebidas alcoólicas a partir os 25 anos de idade (alcoolistas de início tardio); contudo, este achado não é consensual.
Alcoolismo e uso de drogas: tratamento farmacológico deve ser aliado ao tratamento psicoterapêutico
Como o Naltrexone (Revia®) age no organismo
Naltrexone (Revia®): efeitos colaterais
b) Náuseas e vômitos
c) Diarreia
d) Cefaleia
e) Manchas na pele
f) Obstipação intestinal
g) Zumbidos
b) Visão borrada
c) Edema (inchaço) em pernas, pés e face
d) Respiração curta
De acordo com o seu relato, é possível que o seu médico tenha prescrito a medicação Naltrexone (Revia®) objetivando a parada do consumo de álcool e, consequentemente, de cocaína (ou alguma outra substância). No entanto, se o seu uso de cocaína estiver dissociado do uso de álcool, o Naltrexone (Revia®) provavelmente não trará grandes benefícios.
Converse com o seu médico. Tire as suas dúvidas com ele. Seguramente, o profissional que o atende estará disponível para saná-las. Boa sorte!
Atenção! Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.
Médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente é Professor Assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex). Tem experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade.