É preciso ter conclusões claras a respeito de sua real segurança e eficácia
Resposta
As plantas citadas são:
Radix Campanumoeae
Radix Ophiopogonis japonici
Radix Astragali membranacei
Radix Glycyrrhizae
Radix Angelicae sinensis
Radix Rehmanniae glutinosae
Radix Polygalae
Tuber Stephaniae glabrae
Rhizoma Zingiberis
Ramulus Cinnamomi
Fructus Ziziphi jujubae
Semen Ziziphi mauritianae
Colla Corii asini (agente de ligação)
Já, alguns dos derivados químicos destas plantas podem ser citados abaixo:
Isoflavonoides (Etil-frutofuranose)
Flavonoides
Açúcares
Glicosídeos esteroides
Glicosídeos iridoides
Aminoácidos
Triterpenoides
(…)
Até o presente momento, os mecanismos neurais de ação do Heantos não são plenamente conhecidos, até mesmo porque são muitos os compostos presentes. Heantos, que é o termo grego para “plantas”, é tomado oralmente e parece reduzir o comportamento de busca por opioides em modelos animais. Estudos experimentais têm mostrado que essa combinação de plantas melhora o afluxo de dopamina em uma região cerebral conhecida como núcleo accumbens, que faz parte do nosso sistema de recompensa cerebral.
Outrossim, Heantos atua na ativação e também no bloqueio de canais de cálcio em diferentes áreas do cérebro, como o tálamo. Os canais de cálcio, importantes na transmissão neuronal, estão implicados na neurobiologia dos sintomas de ansiedade, do funcionamento da memória e das crises epilépticas. Dessa forma, aventa-se cuidado na administração do Heantos em indivíduos que já apresentam reduzido limiar para crises convulsivas!
Heantos é consumido em cápsulas
Vendido em cápsulas, inclusive pela Internet, o Heantos precisa urgentemente de conclusões claras a respeito da sua segurança e eficácia real. Relatos anedóticos não são suficientes para estabelecer uma boa ciência. Dada a aparente alta comercialização desse composto e falta de adequado controle, também não é possível afirmar, além de uma dúvida razoável, que o “Heantos” daqui é o mesmo do “Heantos” de lá. Daí a necessidade de estudos pormenorizados, padronização da sua composição, estudos clínicos e farmacológicos, identificação dos compostos ativos, dentre outros vários.
Embora uma rápida busca pela Internet mostre diversos entusiastas desse composto de plantas, não existe evidência científica minimamente suficiente para deduzir algum benefício real no tratamento das dependências químicas.
Medicações à base de plantastêm, cada vez mais, sido industrializadas e comercializadas. Cientificamente, grandes esforços têm sido envidados para determinar quais são os ingredientes ativos das múltiplas plantas ditas “medicinais” e como eles funcionam em humanos, objetivando estabelecer a efetividade e a segurança terapêutica.
Todos torcemos para o desenvolvimento de substâncias naturais, sintéticas ou semissintéticas eficazes e seguras para o tratamento do flagelo das dependências químicas. Tendo em vista o interesse científico nesse composto originalmente vietnamita, esperamos os resultados dos estudos científicos antes de uma adequada prescrição clínica.
Atenção! Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.
Danilo Antonio Baltieri
Médico psiquiatra. Mestre e Doutor em Medicina pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente é Professor Assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex). Tem experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade. Currículo Lattes.
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Médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente é Professor Assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex). Tem experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas e Transtornos da Sexualidade, atuando principalmente nos seguintes temas: Tratamento Farmacológico das Dependências Químicas, Alcoolismo, Clínica Forense e Transtornos da Sexualidade.